A noite 1976 do Slaves em Paris. Ontem à noite

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* Precisei fazer uma volta rápida a Paris por um bom motivo… inglês.

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O texto abaixo foi escrito para a Folha de S.Paulo. Está mais “didático” do que eu botaria normalmente aqui. Mas está valendo. E tem vídeos.

A herança do punk britânico, revolução musical que neste ano completa 40 anos, ainda é passada de geração em geração no Reino Unido. Seu gene mais ou menos subversivo, depende da época, veio parar na banda The Libertines, nos anos 2000. E agora, mais recentemente, move o duo Slaves, que ontem em Paris, no clubinho La Trabendo, fez uma apresentação bem… punk.

O Slaves chegou pela terceira vez para shows na cidade francesa à custa de dois discos, o último o recém-lançado e excelente álbum “Take Control”, e com a fama de estar fazendo o público sair novamente suado de um show na Inglaterra (o novo rock inglês estaria meio devagar…).

Com o La Trabendo lotado e os mais empolgados da galera surfando a onda humana do fundo da casa até o palco do primeiro ao último acorde do Slaves, Isaac Holman, o vocalista da dupla, levou apenas uma música para ficar sem camisa e sem seu gorro de lã, item obrigatório para a noite gelada do lado de fora.

O Slaves, fora essa aura punk que balança em sonoridade ora em Clash, ora nos Buzzcocks, é uma banda peculiar. Isaac, o vocalista, é o baterista do duo, se é que dá para chamar aqueles dois bumbos e um prato de “bateria”. E toca de pé. Às vezes pulando. O outro integrante da banda, Laurie Vincent, é mais “normal”, se rodar o palco com uma guitarra, tocando quatro acordes, às vezes simulando com ela um baixo estourado, esteja dentro da normalidade da cena inglesa de hoje.

Misturando seus pequenos hinos de letras escrachadas tipo “Where’s Your Car Debbie” e “Cheer Up London” com petardos do disco novo, produzido pelo grande Mike D, um dos MCs do extinto grupo de rap-metal nova-iorquino Beastie Boys, o show parisiense do Slaves foi tudo numa noite só: um revival de 1976 (punk), uma viagem ao anos 80 (Beastie Boys), uma atualização minimalista do indie anos 2000 (Libertines). Mas, no fim, não deixou de ser muito a nova anarquia de 2016 (cujo representante único é ele mesmo, o Slaves).

*** A Popload viaja a Europa a convite da companhia aérea Air France.

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Postado por Lucio Ribeiro   dia 03/11/2016
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