ARCA faz 100 (CEM!) versões para a mesma música, “Riquiquí”. Estão todas nas plataformas. Em breve, em museus de arte moderna

ARCA faz 100 (CEM!) versões para a mesma música, “Riquiquí”. Estão todas nas plataformas. Em breve, em museus de arte moderna Foto: divulgação

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* Ouve lá as 100 e depois me diz qual você curte mais!

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Um modo de encarar desde já a música do futuro para não se assustar depois é ir seguindo passos de artistas como Grimes, Charlie XCX, Supervão e ARCA. Vamos focar aqui, por exemplo, no caso da ARCA.

Experimental, pop e transgressora tudo ao mesmo tempo, a cantora, compositora, produtora e DJ venezuelana de vanguarda que pertence à cena de Barcelona e já perteceu a um corpo masculino e hoje se considera uma pessoa não-binária, Arca lançou em junho o elogiado “KiCk i”, que pode não estar em muitas listas de melhores de 2020 mas deve estar em algumas listas de 2040, vai saber.

“Uma visão sonora prazerosa do que o pop poderia ser”, disse o “Guardian”. “Uma nova marca d’água para o pop experimental da artista altamente inovadora”, considerou o “NME”, para este marcante “KiCk i”, que tem participações de Rosalía, Bjork e Sophie, para você ver o naipe.

Agora, de “KiCk i”, pegue a faixa “Riquiquí”, seu novo single, que acaba de ser lançado em CEM versões diferentes nas plataformas de streaming. Pode ir lá ver. Está tudo numeradinho, em versões próprias que podem ter 1 minuto ou quase 5.

As versões todas, as 100, foram construídas por um software de produção musical de inteligência artificial chamado Bronze, com a ideia de mostrar que uma música pode existir em um fluxo quase infinito. Adoramos aqui o conceito de “quase infinito”.

“Riquiquí”, a faixa, é o primeiro lançamento comercial do tipo e a primeira faixa de Arca a ter algum remix que seja. Nunca, em quatro álbuns, uma música de ARCA havia tido um remixezinho que seja. Agora uma tem cem. E estão todas nos Deezer, Apple Music e Spotify, como poderiam estar num totem para audição em uma sala da Tate Modern.

Vamos as explicações, que achamos importante: “O processo tem como ponto de partida a produção de “Riquiquí” existente. A peça é reinventada em um estado performativo, que gera uma experiência única a cada escuta. Foi treinado para orbitar o caráter e estrutura da peça, ao mesmo tempo que permite diferenças significativas na forma e variações sutis e matizadas nos detalhes. Esse lançamento também destaca uma questão urgente na música moderna – há uma variedade crescente de ferramentas dinâmicas baseadas em aprendizado de máquina para os artistas explorarem no processo de fazer música, mas para lançar música nas plataformas mais acessíveis, elas ainda estão restritas, às novas formas”.

Repare, ARCA pode estar usando as plataformas e seus algoritmos e robôs para questionar os algoritmos e robôs.

“Você sabia que até agora eu nunca tinha permitido que ninguém remixasse uma música minha? Existiam até hoje 0 remixes oficiais para uma faixa da Arca – Riquiquí obteve 100 remixes por uma senciência inteligente, criada e treinada pelas mentes geniais do Bronze. Já trabalhei com Bronze antes; em 2019 dei linguagem musical ao Echo, um musical que nasceu no Museu de Arte Moderna, e então Echo começou a falar por conta própria. Lá, você nunca ouvirá a mesma coisa duas vezes – por dois anos é um fluxo cada vez mais mutante, graças à inteligência artificial musical treinada, mas imprevisível, de Bronze. Reconheci as texturas e melodias, mas nunca a música – para uma compositora como eu, continua a ser algo verdadeiramente novo que eu nunca tinha experimentado antes, um momento de experiência inesquecível em virtude do mistério e da maravilha que o Bronze torna possível”, explicou ARCA.

“Tive a ideia de fazer da capa de ‘Riquiquí’ um código QR que funcionasse como um portal instantâneo para uma instância mutante da música para sempre. Em todas as plataformas de streaming, você poderá ouvir 100 novas músicas, se quiser. Um Prometeu flamejante.”

Sem mais!

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Postado por Lucio Ribeiro   dia 17/12/2020
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