Então o Zane Lowe vai voltar a trabalhar. No “revolucionário” Apple Music

Então o Zane Lowe vai voltar a trabalhar. No “revolucionário” Apple Music Foto: divulgação

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Três meses depois, foi revelado o projeto da Apple no qual o comunicador e DJ neozelandês Zane Lowe, que adquiriu fama internacional na BBC Radio One, vai se encaixar.

Foi lançado ontem o Apple Music, basicamente uma nova plataforma de streaming musical via internet, tipo o Spotify, Napster, Deezer, Tidal e outros, mas com o suporte gigante da marca, que tem “dezenas de milhões” de músicas em seu catálogo.

Começando pelo Zane Lowe… Ele é um dos nossos DJs de rádios prediletos desde sempre. Depois de mais de uma década, ele abandonou a BBC Radio One e a notícia abalou a música independente em março passado. Na época cobrimos bastante isso aqui na Popload, por vários motivos, mas nenhum deles como agradecimento ao Zane por ter me botado para dentro, em Austin circa 2006, de um show esgotadíssimo do Flaming Lips + Bloc Party + Carl Barat + Clap Your Hands Say Yeah em um bar muquifo para 400 pessoas no máximo, puxando eu e nada menos que o Alex Turner da porta lotada, o que me rendeu uma capa maneira da Ilustrada (Folha de São Paulo) para o Arctic Monkeys na qualidade de banda recém estourada e difícil de dar entrevistas.

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A gente sempre curtiu mesmo o jeitão bonachão do neozelandês dentro do reino “sério” da rádio da “séria” BBC que teve por muitos anos o espetacular e “sério” John Peel no comando do indie no Reino Unido. Daí que o Zane e seu perfil festeiro virou o cara tão importante para a promoção da música independente a níveis de gente “normais” na Inglaterra quanto o Kurt Cobain para a MTV no começo dos anos 90. A ponto de fazer o então semidesconhecido Strokes mudar de palco.

Na época já havia rolado a notícia de que o contundente Zane Lowe ia abandonar o indie da Inglaterra porque havia sido contratado a peso de ouro para se mudar para Los Angeles e comandar um novo serviço fodão da Apple que ia chacoalhar a música mundial. Então, esse dia chegou. E foi ontem.

O Apple Music chega para tentar abalar o mercado, sem o barulho que Jay Z tentou fazer com o Tidal há alguns meses, mas prometendo uma integração de plataformas que a gente já conhece. O serviço vai custar $9,99 ao mês, contendo um “plano família” que sai a $14,99. Os três primeiros meses são de graça para quem assinar. E aí aparece a primeira grande novidade: as músicas poderão ser compradas, em serviço acoplado com outras plataformas como a Apple Store e iTunes.

O serviço de streaming em si traz o que já vemos em outras plataformas. Possibilidade de se criar listas, ouvir músicas offline, procurar por faixas/discos, novas bandas, velhas bandas, etc. Aí que entra o primeiro diferencial prometido pela Apple: a “assistente pessoal” Siri poderá ser acionada. Ou seja: o Apple Music poderá ser operado por comandos de voz.

Outra novidade é a forte equipe por trás da divulgação e da funcionalidade. Além do Zane, que aparece como principal curador do projeto no âmbito musical, profissionais de veículos renomados como as revistas Rolling Stone e Q Magazine criarão playlists com temas específicos e apresentando novas tendências.

Com o projeto será lançada também uma rádio online, com programação 24 horas por dia, ao vivo, separadas por estações. Uma delas já foi divulgada, a Beats 1, que tem além de Zane Lowe os DJs Ebro Darden e Julie Adenuga. Zane vai comandar os serviços em Los Angeles. Ebro em Nova York. Julie, que até pouco tempo atrás trabalhava em uma loja de produtos Apple, com passagem pela Rinse FM focando em música underground, trabalhará nos estúdios de Londres. A programação vai ao ar para 100 países e poderá ser ouvida por quem não seja necessariamente assinante do serviço. Basta apenas ter um ID Apple.

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Zane, Ebro e Julie. Os primeiros apresentadores da rádio do Apple Music

A carta na manga derradeira do projeto é o Connect, plataforma pela qual artistas e fãs poderão interagir de forma direta. Em uma explicação resumida, o Connect será um espaço exclusivo atualizado pelas bandas, no qual elas poderão noticiar o que quiserem. Uma espécie de rede social exclusiva, tanto para bandas pequenas como para nomes mundialmente conhecidos. O papo é que Drake, Pharell Williams, FKA Twigs e Alabama Shakes são alguns dos nomes da linha de frente inicial da promoção do serviço, que terá seu funcionamento ativado dia 30 de junho em diversos países, com o Brasil incluído.

Assim como o Tidal, o Apple Music surge em um mercado cada vez mais explorado, trabalhado e também criticado por artistas, que reclamam receber pouco em relação às execuções de suas canções. A plataforma de Jay Z chegou cercada de expectativas graças ao envolvimento de nomes de peso, como Beyoncé, Daft Punk e Madonna, mas desde o primeiro momento o preço cobrado, acima da média de mercado, afastou muitos clientes potenciais.

A Apple aparece tentando dialogar mais com seus milhões de usuários mundo afora, mas vale lembrar que há mais ou menos cinco anos a marca meio que matou algumas rádios online legais. O caso mais emblemático foi a WOXY.com, rádio situada em Ohio que era referência mundial para a nova música, o novo indie. A transmissão online era feita em uma outra plataforma, o LALA.com, que foi adquirido pela Apple e saiu do ar poucos meses depois, tipo em 2010. Em crise financeira, a WOXY entrou no pacote e teve seu fim logo em seguida.

Em suma, o Apple Music nasce com rádio, gente famosa e do ramo envolvida, plataforma para artistas novos e tudo. Mas com uma postura de mercado aparentemente “igual” à da época em que a empresa cresceu o olho em cima do LALA.com e WOXY. Teremos essa revolução toda citada entre aspas no título ou, no fundo, a intenção é apenas “matar” canais concorrentes como o Spotify e outros? Chega a ser exagero pensar assim?

De 30 de junho em diante veremos.

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Postado por Lucio Ribeiro   dia 09/06/2015
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