Especial Popload "1994": Kid Vinil conta o que aconteceu há 20 anos

Especial Popload "1994": Kid Vinil conta o que aconteceu há 20 anos Foto: divulgação

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* Kid Vinil, um dos maiores estudiosos e entendedores dos caminhos sonoros deste país, mostra sua visão do que foi 1994 para a música jovem. Kid é testemunha ocular do que aconteceu naqueles primeiros anos dos 90. Fora que, em música, foi empresário, teve banda, produziu, foi apresentador de TV, radialista, é DJ, coleciona vinil, trabalhou em gravadora, escreveu para jornais e revistas. Ele sabe bem do que está falando. E é assim que viu 1994:

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“Em 1994 eu era DJ de uma rádio em São Paulo chamada 97FM e tinha um programa noturno que tocava as novidades da época. Este ano representou muito para o rock, inclusive por ser o da morte da figura icônica de Kurt Cobain. A geração grunge havia aberto olhos e ouvidos dos responsáveis pelas grandes gravadoras com o estouro do Nirvana e Pearl Jam e tudo ainda estava muito quente em 1994, que viu surgir também com razoável sucesso uma sequência de subprodutos do grunge e bandinhas pré-fabricadas como Stone Temple Pilots e “Nirvana wannabees” como os australianos do Silverchair, que viria a estourar no ano seguinte, assim como os genéricos britânicos Bush, que atormentaram nossas orelhas neste ano com seu disco de estreia.

“Um grupo que me chamou atenção logo no primeiro videoclipe, por incrível que pareça, foi o neopunk do Green Day. Contrário aos genéricos do grunge, eu sentia no Green Day uma pegada punk 77 mais autêntica e menos forçada. “Dookie” é um grande álbum de estreia. Eu não era tão chegado a Offspring e Blink 182.

“As grandes gravadoras estavam desesperadas por um novo movimento de rock que agitasse como foi o grunge. O modelo independente de gravadoras e selos, como o Sub Pop de Seattle no final dos 80 e inicio dos 90, animaram as grandes corporações musicais a sair à luta em busca de novos artistas na cena mais alternativa. A Warner, por exemplo, além do Green Day, descobriu o Weezer e emplacou de cara seu disco de estreia.

“Ainda assim selos independentes como a Matador seguiam “incomodando” as grandes gravadoras com bandas como Pavement, Guided By Voices, Pizzicato Five e Yo La Tengo. O que antes era desprezado pelas majors naquele momento parecia ser a salvação da lavoura.

“Beck foi outro exemplo de artista que saiu da cena alternativa e estourou numa grande gravadora. O indie rock começava a impor respeito, principalmente no mercado americano. O Sonic Youth não era mais visto como outsider e passou a gravar numa major como a Geffen Records.

“O rap e o hip hop deixavam de ser apenas um estilo popular de música negra para se impor como uma das mais fortes culturas de todos os tempos, graças a Beastie Boys e Public Enemy, que pavimentaram o percurso de rappers como Nas, Wu Tang Clan e Notorious B.I.G.

“A cena britânica sempre me entusiasmou e o britpop foi minha grande aposta nos programas de rádio. Lembro quando o “New Musical Express” colocou o Oasis pela primeira vez na capa como banda revelação. Eu mostrei para o diretor da rádio e disse: “Esses caras vão estourar”. Dito e feito!

“Indiferentes à cena americana, os ingleses em 94 exploravam uma tendência muito mais pop influenciada pelo punk e pelos grupos dos anos 60 (Kinks, Who, Beatles). O Britpop foi uma resposta dos ingleses ao grunge, tanto que Oasis e Blur só aconteceram na Améria de 1995 para frente.

“Um turbilhão de ideias pipocavam nas mentes brilhantes da geração indie britânica. 1994 marcou o surgimento de estilos como trip hop, assim como tendencias eletrônicas mais apuradas como Orbital e Future Sound of London.

“Eu diria que 1994 foi um ano sui generis para o rock e tremendamente influente para os dias de hoje. Para uma geração que tanto se espelha nos anos 90, vale a pena voltar atrás e descobrir os grandes álbuns lançados naquele ano.”

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Postado por Lucio Ribeiro   dia 14/01/2014
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