Glastonbury: a união dos ingleses pela música

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* A Bruna e a Jode, dupla de amigas que viaja pelo mundo para cobrir festivais de músicas em nome da SUMMER, uma consultoria de viagens focadas em festas, baladas e festivais, estiveram neste fim de semana no gigante Glastonbury, que teve mais de 2 mil shows e aconteceu sob um clima pesado, não necessariamente por causa do tradicional mau tempo que já faz parte da “cultura” do festival, mas sim pelo calor do Brexit. Abaixo, as impressões das meninas sobre os shows que elas assistiram.

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Todo ano o Glastonbury é um dos festivais mais comentados mundo afora. As bandas gostam de guardar “surpresinhas” para mostrar no palco, como uma música nova, um tributo, um artista convidado ou tentar chamar a atenção da multidão de alguma forma, já esperando pela repercussão inevitável no dia seguinte.

Agora que acabamos de voltar dessa experiência, podemos explicar melhor o motivo de todo o auê em torno desse festival. O local é muito, mas muito grande. Andar de uma ponta a outra de Interlagos ficou fichinha perto do quanto andamos por lá. Foram 5 dias com uma média de 20km de caminhada, e detalhe, em uma lama fofa que cansa ainda mais. A mudança de um palco para o outro exigia um deslocamento de pelo menos 20 minutos, mas mesmo assim, não hesitávamos em ir atrás das bandas que queríamos ver.

Ao todo foram 18 shows assistidos, indo de algumas apresentações super intimistas como do Sigur Rós e da Corinne Bailey Rae, a outras em palcos pequenos, mas bem animados como Of Monsters and Men, Elle King e Mac Demarco. Algumas bandas que estão sempre provando que conseguem agitar palcos grandes como Two Door Cinema Club, Tame Impala, Editors, Bastille e The Last Shadow Puppets e, é claro, apresentações de mover multidões como a dos headliners Muse, Adele e Coldplay.

Em meio a tanta sensação de humanidade e liberdade, havia um clima pesado referente ao tema político atual do Brexit. Todos comentavam sobre isso durante as caminhadas e a maioria das bandas não deixaram de expor sua opinião (e indignação com o resultado), até porque 86% dos participantes do evento se declararam contra a saída de UK da União Europeia. A Ellie Gollding, por exemplo, fez uma performance bem abatida, com bem menos energia do que o normal, e justificou no fim do show como uma indignação que estava com o referendo. O Chris Martin, vocalista do Coldplay também fez questão de citar algumas vezes o assunto.

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Falando um pouco mais sobre o que destacou nos shows que vimos, continuamos a falar do Coldplay. Show de encerramento do festival, já nos empolgamos quando soubemos que as pulseirinhas de LED seriam distribuídas para toda a plateia de mais de 90.000 pessoas. Apresentação impecável, cheia de energia, Chris Martin trazendo toda a emoção no piano e, ao contrário do que todos esperavam, a convidada especial da banda não foi a Rihanna e sim o Barry Gibb, do Bee Gees, cantando “To Love Somebody” e “Staying Alive”, criando um coro impressionante. Outro convidado foi o fundador do festival Michael Eavis, que pareceu realizado cantando o cover de “My Way” do Frank Sinatra. As homenagens não pararam por aí: eles ainda fizeram um tributo à banda Viola Beach, que sofreu um acidente de carro em fevereiro desse ano, matando todos os seus integrantes. A performance teve cenas como se a própria banda tivesse se apresentando, “oferecendo” a eles o palco principal como uma oportunidade de serem headliners do Glasto.

Outro show inesquecível foi o da Adele, certamente o mais esperado pelo público e por nós. A cantora, que sempre se negou a apresentar em festivais, convenceu a todos que estava ali porque tinha um apego muito grande ao Glastonbury, que ela frequentava desde seus 10 anos de idade. Visivelmente emocionada, interagiu com a plateia do começo ao fim, chamando ao palco uma menina de 10 anos e também uma BRASILEIRA, que não parava de chorar durante uma de suas músicas. A TV inglesa noticiou que Adele falou mais de 33 palavrões durante sua apresentação, mas nada soou melhor aos nossos ouvidos quando ela disse que aquele era o momento mais emocionante de sua carreira.

Definitivamente o Glasto não se define pelo line-up, mesmo que seja tão completo. A experiência que os ingleses oferecem, a organização, centenas de opções de comidas, as pessoas demonstrando cada um seu estilo sem julgamentos, diversas famílias com crianças de todas as idades, barracas e palcos a perder de vista, são algo que não tem como descrever. Por mais que você passe 5 dias por lá, vai ficar com a sensação que não viu quase nada e que ainda pode descobrir coisas novas a cada ano. Com certeza é uma experiência a ser vivida para quem quer conviver com o melhor da música e pessoas open minded.

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* Fotos: Divulgação Glastonbury

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Postado por Lucio Ribeiro   dia 27/06/2016
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