Popload entrevista: Halsey

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* Ainda na ressaca do Lollapalooza Brasil e já esquentando para o colossal Coachella Festival, já já aí, em abril, batemos um papo com a jovem cantora Halsey. Estrela ascendente de um certo electropop, amiga dos indies ingleses, amiga dos bagunçeiros Diplo e Skrillex, parça do Justin Bieber, ex-emo, e que, a despeito de estar alto como chamariz no pôster do Coachella, em São Paulo foi a mais infeliz vítima da escalação do Lolla. Halsey tocou no mesmo horário que o Tame Impala chapava o palco principal com psicodelia hipnotizante.

Esta entrevista, feita pela poploader Isadora Almeida, tenta dar a atenção que a promissora cantora americana realmente merece. E o vídeo de seu show todo, no fim do post, resgata sua deliciosa apresentação, para os muitos que não a viram em ação em Interlagos, cafundó paulistano tomando a Sé como referência.

Halsey saiu de New Jersey há dois anos para conhecer o mundo, levando sua música junto. Ela tem 21 hoje.

Nesse pouco tempo, abriu turnê de nomes como The Kooks e, repare à ascensão ao pop, The Weeknd. Já tocou em tudo quanto é festival e neste ano continua seu plano de dominação mundial, incluindo um Madison Square Garden SOLD OUT em agosto. Vamos repetir: Madison Square Garden, em Nova York, com ingressos esgotados desde antes de 2015 sequer ter acabado.

MC Halsinha (nome fictício que ela colocou no twitter durante a semana que passou por São Paulo) se divertiu muito por aqui e deu altos rolê com os amigos gringos Skrillex e Diplo, outras atrações do Lolla BR. Diplo inclusive a levou ela para conhecer um pessoal tipo o Gorky, MC Bin Laden, Jaloo e os gênios do grafite Os Gemêos. Encantada em terras brasilis, afirmou, na entrevista a seguir, o quanto ficou inspirada no país, a ponto de dizer que passou uma madrugada em um estúdio gravando com o Diplo,. A conversa completa com Halsey, inclusive contado que até ela iria escolher ver o Tame Impala tocando, está aqui:

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Popload – Quando ouvi pela primeira vez “Badlands”, eu entendi que era um álbum temático, de atmosfera única e densa, meio deprê, uma trip à “Terra do Bad”, como se fosse um mundo seu, paralelo. Não que os álbuns sejam iguais, mas me lembrou do primeiro álbum do Panic at the Disco, “A Fever You Can Sweat Out”, que abraçou um tema da primeira à última faixa, no caso a atmosfera circense.

Halsey – Nossa, esse é meu álbum favorito. Estou arrepiada em você comparar meu álbum ao do Panic at the Disco. Isso é muito importante para mim. Bom, “Badlands” é um lugar que apareceu na minha cabeça. Eu sou de New Jersey, e nada acontece lá. E de repente, por causa do disco, eu estava em Los Angeles, onde tudo é bem diferente. Então começou uma rotina muito distinta do que eu estava acostumada com minha vida tranquila. Todo dia em um lugar diferente, aviões, milhões de coisas e eu estava me sentindo cansada, sem achar graça nas coisas. Era confuso. Por que se sentir assim se eu estava fazendo a única coisa que amo? Então Badlands seria esse lugar onde as pessoas estão presas lá, mas se sentem orgulhosas em estarem lá. É quase você se sentir bem em estar se sentindo mal, porque exige menos esforço você se acomodar com as coisas ao invés de tentar mudar tudo. Então é mais ou menos isto: estar presa em Badlands. E ele virou um álbum que meus fãs e as pessoas parecem gostar muito, o que é muito louco, já que ele nasceu meio que como um resultado angustiante. Badlands é um lugar imaginário.

Popload – Você acredita que seu próximo álbum também vai ter um tema só?
Halsey –
Eu sempre escrevo baseada em um tema, mas não tipo “Toma aqui estão 15 músicas que seguem um mesmo pensamento”. Eu amo cinema, então como nos filmes eu acho legal que um álbum conte uma história de começo, meio e fim, mesmo que cada faixa conte um enredo específico. Mas gosto que o álbum tema um tema maior. Em “Badlands”, por exemplo, existem duas principais narrativas: a história que eu estou dizendo e a história dos sons que a gente ouve nele, algo meio pós-apocalíptica, meio alienígena. Mesmo que os temas que eu canto nas músicas são universais, tipo coração partido, a descoberta das pessoas. Mas, para o próximo álbum, acho que não vou fazê-lo temátco. Hoje é diferente, minha cabeça está em vários lugares. Antes eu era uma garota de 17 anos de New Jersey e agora sou uma garota de 21 anos que está no Brasil, entende?

Popload – Como foi o show do Lollapalooza para você? E você estava tocando no mesmo horário do Tame Impala…
Halsey –
Eu chorei! Eu vi que a “# “do meu show foi a mais comentada no Twitter. Isso é insano! Sim, eu achei que ninguém ia ver meu show. Se eu tivesse que escolher, até eu ia ver o Tame Impala (risos).

Popload – O empoderamento das mulheres é um assunto que está em alta e cada vez se mostra mais necessário. Como artista e já influenciadora, como você acha que pode ajudar esta nova geração?
Halsey –
É engraçado para mim, porque eu cresci dentro de um tipo de sociedade, como uma criança americana sendo ensinada nos moldes da sociedade americana. Comecei minha carreira nos Estados Unidos, falava como uma artista americana, falava sobre os problemas do meu país, e, consequentemente, diretamente para as crianças de lá. E então vi que crianças do mundo inteiro ouviam minha música. E eu entendi logo que existem países onde as garotas não sentem a necessidade de serem feministas, não sofrem com certas realidades. E para mim é tipo “Como assim?”. Daí eu já quero entender o porquê. E passei a perceber que, sim, as culturas são tão diferentes… Como eu posso ser um exemplo e ser respeitosa com todo mundo? Eu não tenho vergonha do meu corpo, me visto sempre como quero, falo abertamente sobre minha sexualidade. E aí penso: “Como posso fazer música para que todos se identifiquem e se sintam confortáveis?”. Acho que para mim o mais importante é dizer: “Quem quer que você seja, viva a sua verdade”.

Popload – Em sua passagem por São Paulo, no rooftop do clube Panam, do hotel Maksoud Plaza, aconteceu a gravação do programa de rádio do Skrillex, no qual você foi uma das convidadas. Faz tempo que você conhece o Diplo e o Skrillex?
Halsey –
Eu os conheci quando gravei “The Feeling” com o Justin Bieber. O Skrillex era de uma banda emo que eu amava quando eu era garotinha,. O Diplo é tipo o cara, na minha opinião, mais bem-sucedido da música eletrônica. O Justin Bieber é o Justin Bieber. Então esses caras me ligaram e falaram que me queriam em uma faixa e eu surtei. Pensei: “Como vocês me conhecem?” Ai me dei muito bem com eles, viramos amigos. O Diplo é tipo o meu melhor novo amigo no mundo da música. Ele me respeita muito e é muito respeitoso com as mulheres e celebra o nosso sucesso. Ele não quer saber da minha insegurança quando eu me sinto um lixo. Quer que eu me solte e faça o que eu acho que tá certo. E aqui no Brasil a gente se sentiu muito inspirados, chegamos a gravar coisas num estúdio, fizemos algumas coisas. Vamos ver o que rola.

Popload – E a música brasileira? Você ouviu algo de que gostou?
Halsey –
O pouco que eu ouvi eu amei, achei tudo muito inspirador, totalmente dançante e com certeza pretendo conhecer mais.

Popload – Além de ter esses amigos super famosos do mundo mainstream, você também é amiga da cena britânica, de caras de bandas novas como The 1975 e Catfish and the Bottlemen. Como aconteceu essa conexão?
Halsey –
É engraçado, porque todos nós surgimos numa fase em que a música alternativa está sendo redefinida. Eu, 1975, Catfish, Lana Del Rey, The Neighbourhood, todos nós estamos fazendo música com uma sensibilidade pop, tipo a gente quer tocar em rádios e para bastante gente. Hoje em dia música alternativa não é para 30 caras ouvirem num quarto mais. Se você quer saber sobre música alternativa e o sucesso dela, fale com os jovens de 17 anos. Eles sabem o que é “alternativo”, são inteligentes, estão na internet sabendo sobre tudo. Mas, com essa nossa nova onda de bandas alternativas, nós queremos fazer uma música que seja para todos, não para guetos. É para uma galera que quer ouvir bandas que tenham algo a dizer. O que me deixa muito feliz sobre isso é que todos nós somos muito parceiros. Nos ajudamos muito. Não existe competição.

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