Popload nos festivais 2014 – O Rock Out, no Chile, que pouca gente viu

Popload nos festivais 2014 – O Rock Out, no Chile, que pouca gente viu Foto: divulgação

>>

081214_rockoutchile

A temporada de grandes shows está no fim e, no Chile, 2014 vai se encerrando com um clima nostálgico. Rolou no último fim de semana o festival Rock Out, que reuniu uma verdadeira legião de bandas que marcaram época nos anos 80 e 90 na música alternativa.
Quem esteve por lá é Felipe Lavignatti que conta um pouco desse festival que pouca gente viu, mas que parece ter funcionado muito bem.

*** Por Felipe Lavignatti

Você ouviu falar do festival chileno RockOut que aconteceu neste sábado em Santiago, no Chile? Não? Bem, provavelmente nem mesmo os chilenos ficaram sabendo no que deve ter sido o festival mais esvaziado da América do Sul desde o fiasco Metal Open Air no Maranhão em 2012. Uma grande pena, pois a escalação foi pra deixar babando qualquer amante da música nos anos 90: Blind Melon, Melvins, Primus, Helmet, Thurston Moore, Devo (mais velho, mas vá lá) e Fantômas (mais novo, mas capitaneado por Mike Patton, figura carimbada da década retrasada).

Não bastassem as bandas, o espaço era lindo. O Broadway é um misto de clube e balada no meio do deserto com piscinas abertas a todos. Mesmo assim, as piscinas, as boas bandas e o cenário cinematográfico não foram o suficiente para encher o local. Imagino eu que essa mesma escalação encheria qualquer evento em São Paulo, mas dessas, somente o Thurston Moore passou pelo Brasil na saideira do Popload do ano.

Como não vieram, fomos até eles. O festival possuía três palcos, um para bandas chilenas (bem cheio sempre e com som vazando para os outros) e dois que se revezavam com as atrações principais pontualmente. A única banda do Chile a ocupar o espaço nobre com as bandas internacionais foi o Como Asesinar A Felipes, cujo nome é tão legal quanto o som. Eles parecem uma versão compacta e latina dos americanos do The Roots. Se alguém quiser arriscar a trazer um grupo latino de Rap ao Brasil, esses são os caras.

Com o sol castigando a todos, na sequência veio o Helmet. E Page Hamilton fez o que se esperava: poucas palavras, sua banda de apoio (convenhamos, a banda é ele) e o mesmo som quebrado de sempre. Mesmo com falando pouco, Hamilton compensou isso após o show. Com o Blind Melon já se apresentando com sua formação original (sem o vocalista, claro…), o líder do Helmet colou na grade no outro palco e não saiu dali até distribuir o último autógrafo. Mas como falava, do outro lado era o Blind Melon. Nada demais, mas com as músicas mais cantadas pelo público.

Se os anos 90 predominaram no festival, não poderia faltar um representante do grunge e ele veio na forma dos Melvins. Aqui o RockOut virou festival de metal, com a guitarra pesada de Buzz Osborne dando um real significado ao desert rock. Só não era o metal de bater a cabeça. O Melvins é famoso muito mais pela marcha lenta de suas músicas, o que deixou boa parte do público intrigado. Com certeza, entre as atrações gringas, era a menos popular.

Era a vez no outro palco de Thurston Moore se apresentar, dessa vez com um baterista próprio. As viúvas do Sonic Youth não tiveram do que reclamar. A carreira solo dele entrega exatamente o que se esperava dele, nenhuma coisa diferente da banda onde ele fez carreira.

Já a próxima atração era um caso à parte. Fantômas é a banda de Mike Patton, famoso pelo Faith No More. Porém, quem conhece Faith No More só por Epic e coisas mais amenas, pode se assustar muito com seu projeto mais metal. E essa era supergrupo do festival: Dave Lombardo (Slayer) na bateria, Trevor Dunn (Mr. Bungle e Melvins) no baixo, Buzz Osborne (Melvins) na guitarra e Mike Patton (Preencha com uma de suas 50 bandas aqui) no vocal e efeitos. Era a primeira vez que essa formação tocava em praticamente uma década. E escolheram seu disco mais aclamado, o Director´s Cut, só com trilhas de filmes de terror, para tocar de cabo a rabo. O mais perto de um show de jazz que o festival teve. Com muita guitarra e bumbo duplo, mas jazz.

Era chegada a vez do Devo, o que seria uma escolha óbvia para headliner do festival, mas sabe-se lá o motivo eles ainda abririam pro Primus e pros espanhois do Extremoduro. O show da banda mais velha do dia começou com o sol se pondo e terminou já de noite. Durante o festival de clássicos, um momento pode se destacar. Durante Beautiful World, o vocalista lembrou da morte este ano do guitarrista Bob Casale e falou que uma hora dessas ele estava em um lugar melhor e apontou pro céu. Neste exato instante a lua estava saindo de trás da cordilheira, ainda cortada pela montanha. Foi lindo.

E do lindo pro esquisito. Primus foi a penúltima banda da noite. Num palco muito mal iluminado e sem telão, mal se via a banda durante o show. Se é estranho pra gente imaginar o Primus lá em cima na escalação, ao ver a reação do público pareceu até normal. Todo mundo pulando ao som do baixo percussivo de Les Claypool.

E depois de boas horas sob o sol e poucas sob a lua, era a hora de encerrar a noite. Esperava-se algo como Fantômas fechando o festival, pela idolatria que os chilenos têm por Mike Patton. Mas coube aos desconhecidos (até mesmo entre muitos chilenos) do Extremoduro essa missão. Que os espanhois me desculpem a comparação, mas eles soam bem pop, algo como o Capital Inicial.

Abaixo, algumas fotos registradas pelo Felipe.

chile01

chile04

chile05

chile03

chile02

chile06

chile08

chile09

>>

MITSKI – horizontal miolo página

news

Postado por Lucio Ribeiro   dia 08/12/2014
Editora Terreno Estranho – quadrado interno
ROYAL BLOOD – inner fixed
ROYAL BLOOD – inner fixed mobile