Popload nos festivais: o colorido Yo! Sissy, um “queer festival” em Berlim

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* A Popload segue de olho nos festivais de música pelo mundo! Hoje este espaço se dedica a um evento mais “indie”, digamos: pequeno no tamanho, mas gigante na representatividade. Estamos falando do Yo! Sissy, festival de apenas dois anos que se descreve como “um país das maravilhas” em Berlim, unindo música, dança e performances. Sob a ótica da Talita Alves, contamos como foi esse colorido festival na capital alemã, que celebra a cultura gay, a noite, as drags, as minas, as monas e a vida!

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*foto de Lisa Wassmann, via fanpage do festival no Facebook

O Yo! Sissy não existia na minha cabeça até o final de semana anterior a sua realização. Eu até costumo acompanhar os festivais, mas este em Berlin foi um achado. Em sua segunda edição, o Yo! aconteceu durante sexta e sábado (29 e 30 de julho). Tudo começou no Kickstarter em 2015. Um festival, como eles contam por aí, criado para gays, bissexuais, transsexuais e quem mais quisesse vir.

Sem gênero, sem vergonha, sem julgar. Um look mais bafo que outro, uma make mais close que a outra. Provavelmente, eu era uma das pessoas mais básicas da festa, de jeans e All Star branco. Nada que um pouco de glitter jogado na minha cara por uma drag não tenha resolvido. No fim eu pude sair de lá com a minha carteirinha arco-íris renovada e voltar pra São Paulo em dia.

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*foto de Talita Alves

A sensação que fica é a melhor possível, logo no começo. Uma celebração à performance: lugar de drag é onde ela quiser, seja no poledance, na pista, no palco. E elas estão em toda parte. O line-up é do tipo que você bate o olho, reconhece um ou outro nome e fica curioso pelos demais. Electrosexual, Cockwhore & Macho, The SexyBots e Boy Pussy estavam lá.

De todas as atrações, a personificação do festival foi Mykki Blanco (abaixo), a versão feminina de Mikey Quattlebaum Jr e headliner do evento. Rapper, poeta, performer, bicha punk. No passado, ele quase desistiu de fazer shows para estudar a cultura gay nos guetos. Ainda bem que ele resolveu ser professor em vez de aluno e fez de sua apresentação não só o momento mais importante da noite como também deu uma aula de como não ter medo de ser quem você é – não só pela música, apesar de ela ser a principal ferramenta nas mãos de Blanco. Sua apresentação foi uma causação sem parar. Ele saiu do palco e se jogou na galera várias vezes e aproveitou pra cantar ali da pista mesmo. Adiantou também que já já seu álbum novo estará em nossas mãos, então agora é só esperar.

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*foto de Lisa Wassmann, via fanpage do festival no Facebook

Empatia é algo que parece ser a alma do negócio e coloca a música e os shows das drags como um instrumento para reunir pessoas que não se importam com padrões, regras e códigos sociais. O ponto alto não são os artistas, mas a movimentação em torno da identidade de gênero sem conceitos binários e da beleza do feminino (não só nas mulheres). Sem diferenciação, sem estereótipos. Rosa é cor de menina, menino e menine. Salto 15 também, mas dá trabalho ficar em cima deles.

Por mais que eu tenha me sentido em casa durante esses dois dias, sei que lá de onde eu venho muitas discussões precisam continuar aparecendo até que elas se tornem um assunto comum. Até o dia em que um beijo gay numa novela das 9 for normal ou quando a gente puder andar na rua com um vestido mais curto sem ouvir nenhuma bobagem pelo caminho – sendo mulher, trans, qualquer uma.

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*foto de Lisa Wassmann, via fanpage do festival no Facebook

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*foto de Talita Alves

Muita coisa já está acontecendo e a música vem sendo um bom motivo pra começar esse diálogo no Brasil também. Já temos festas mais livres, DJ drag, gente de tudo quanto é tipo no rolê. E isso é maravilhoso. Começam a materializar sinais de que estamos sendo nós mesmos, mas do jeito que queremos ser. Quanto mais diversidade, melhor.

‘Dance together’ foi o tema do Yo! Sissy. Junta um mais um e dá dois, e depois mais dois, e quando se vê tem um mar de gente fazendo essas discussões de agora se tornarem coisas do passado. Let’s dance! Com muito glitter, por favor.

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Postado por Lucio Ribeiro   dia 12/08/2016
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