Queens of the Stone Age + Foo Fighters no fim. Os shows de Curitiba e Porto Alegre

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De olho na turnê conjunta de dois pesos pesados do rock atual, a Popload mandou emissários para checar como chegaram as bandaças Foo Fighters e Queens of the Stone Age para os shows do Sul no final de semana. Para o nosso gosto, foram os primeiros grandes concertos deste ano de grandes concertos. Os poploaders Fernando Scoczynski Filho em Curitiba e Afonso de Lima em Porto Alegre reportam o que acharam das performances de Dave e Josh e amigos do barulho, depois de passarem por Rio e SP.

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* FF + QOTSA em CURITIBA
por Fernando Scoczynski Filho

As histórias do Foo Fighters e do Queens of the Stone Age no Brasil têm bastante em comum. Ambas as bandas estrearam por aqui no Rock In Rio 3, em 2001, e ficaram sumidas até a década seguinte, quando alguns shows pela América do Sul começaram a pipocar. Ao final dessa turnê conjunta que os grupos fizeram agora, cada um completou exatamente 11 shows aqui. O Foo Fighters de Dave Grohl, geralmente como atração principal; o Queens de Josh Homme, geralmente como secundária. No quarto show da turnê conjunta que estão fazendo, este de Curitiba, foi a vez de ambas tocarem pela primeira vez na capital paranaense, na Pedreira Paulo Leminski. E, salvo algumas surpresas, foi bem o que era esperado.

Após um curtíssimo show de abertura da competente banda brasileira Ego Kill Talent, o QOTSA subiu ao palco pontualmente, abrindo com “My God Is the Sun”. Logo emendando as ótimas “Burn the Witch” e “In My Head”, já estava óbvio qual seria o conteúdo do show: um setlist coeso, um “greatest hits” sem raridades ou grandes surpresas, algumas músicas do último disco, e tudo muito bem executado. E foi isso que Curitiba recebeu, durante aproximadamente 80 minutos. Dentre as 17 músicas tocadas (uma a mais que em SP), foram representados todos os discos de sua carreira – com exceção do primeiro, infelizmente.

O que sempre agrada num show do Queens é a precisão brutal com que as músicas foram tocadas: com o mesmo line-up desde 2013, a banda está impecável. E até mesmo as batidas “Little Sister” ou “No One Knows” merecem uma audição ao vivo em seu estado atual. Do material novo, todas as quatro faixas apresentadas foram bem recebidas, e fizeram perfeito sentido dentro do setlist. Uma agradável surpresa foi ver que Josh Homme estava muito mais animado e dançante do que o comum, deixando o show mais interessante que o que foi visto no Rock In Rio 2015. Mesmo com o setlist protocolar, e sem a chance de superar os lendários shows solo de 2014, QOTSA se fez uma excelente banda de “apoio” que poderia facilmente roubar o trono da atração principal – como já é costume para eles.

Se o Queens foi previsível pela sua falta de tempo para tocar, o FF foi previsível justamente pelo oposto: duas horas e meia de show permitem a Dave Grohl ir longe demais algumas vezes. Isso tem seus pontos positivos e negativos. Por um lado, a maioria da plateia vai ouvir todas as músicas que quer (e mais outras várias), e ninguém vai sair de lá reclamando de um show curto. Por outro lado, várias das músicas são esticadas por meio de jam sessions intermináveis e interações com o público que duram um pouco mais do que deveriam.

Pelo que conheço da fanbase do Foo Fighters, uma reclamação comum é que o hit “Monkey Wrench” tende a durar “meia hora” nos shows – obviamente não chega aos 30 minutos, mas parece durar tudo isso. Pois bem, desta vez tocaram a música da maneira mais enxuta possível, só 4 minutos; em contrapartida, decidiram estender quase todas as outras cançõess com jams. Qual é a vantagem de pegar “The Pretender”, “Rope”, e “This Is a Call”, que são boas por si só, e deixá-las com quase 10 minutos de duração? É uma antítese ao tipo de rock que a banda faz, e dificilmente vem de uma forma que acrescenta positivamente à música. Uma exceção talvez seja “Breakout”, que teve o bonito (mas manjado) momento em que a plateia acendeu as lanternas de seus celulares.

Em meio a tantas músicas excessivamente longas, o meio do show, que teve as apresentações de membros da banda e alguns covers, acabou sendo a parte mais descontraída da noite. Sim, “Under Pressure” do Queen está rolando em toda cidade, e qualquer pessoa que abriu o setlist.fm sabe disso, mas a performance da música pelo FF ainda tem um charme próprio e cativante. E, inesperadamente, houve o debut de uma nova cover: o tecladista Rami Jaffee tocou “Imagine” de John Lennon enquanto Grohl cantava a letra de “Jump”, do Van Halen. Foi confuso, inusitado, e engraçado. Vai aparecer em todos os shows daqui em diante, mas Curitiba teve o privilégio de ver em primeira mão.

No fim das contas, foi um show ótimo, apesar de cansativo. Não houve a necessidade de seguir a promessa que Dave fez a certo ponto da apresentação, de “tocar músicas de todos os discos da banda”, já que não houve nada do (fraco) “Sonic Highways”, e não há do que reclamar. Quase todas as 19 músicas autorais tocadas foram excelentes, e mereciam estar ali. Foi uma noite de shows memoráveis e contrastantes. Curitiba agradece.

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* FF + QOTSA em PORTO ALEGRE
por Afonso de Lima

A noite de 4 de março foi marcada pelo retorno a Porto Alegre de duas das principais bandas de rock da atualidade, os medalhões Foo Fighters e Queens of the Stone Age. Com apresentações que chegaram a bater quase quatro horas de guitarras no último volume, pode-se dizer que a trinca de shows completada pelos brasileiros do Ego Kill Talent foi uma verdadeira prova de resistência, tanto para os fãs como para o gênero que carregam como emblema.

O final de tarde portoalegrense foi presenteado por São Pedro com um banho de chuva forte e granizo, o que fez com que o primeiro show de abertura, dos meio gaúchos, meio paulistas Ego Kill Talent, acabasse em uma cachoeira de água que não tinha fim. Fotógrafos com equipamento ensopado, público correndo da frente do palco para se proteger e um amontoado de fãs ensaiando algum tipo de movimentação agitaram o ambiente para receber Josh Homme e sua trupe.

Logo depois da chuvarada que inundou meio Beira Rio, o Queens of the Stone Age subiu ao palco com seu hit “My God Is the Sun”, seguido de “Burn the Witch”, do seu último álbum, “Villains”. Com um clima mais ameno e o sol se pondo, Josh comandou o show de retorno da banda a Porto Alegre depois de quatro anos. Na apresentação passada, de 2014, eles conseguiram colocar quase 6 mil pessoas em uma das maiores casas da cidade, com filas que dobravam o quarteirão. Em 2018, não foi muito diferente, não.

O fato de estarem abrindo para o Foo Fighters não intimidou o setlist e nem a potência do show. Som alto, mais de uma hora e meia de apresentação, muito diálogo de Homme com o público e hits que conseguiram deixar qualquer fã de Queens satisfeito com o altíssimo preço pago pelo ingresso (algumas entradas chegavam aos R$ 600). Com uma sequência de “You Think I Ain’t Worth a Dollar, but I Feel Like a Millionaire”, “No One Knows” e “A Song for the Dead”, a banda se despediu do palco e, junto com eles, uma parcela considerável de fãs em frente à grade também.

Com a debandada de seguidores do Queens, o público se preparava para receber a volta do Foo Fighters. E, ah, sabe aquela prova de resistência? Ela começou na chuva, mas continuou aqui. Dave Grohl subiu ao palco ligado no 220 e gritando bem alto “Vocês sabem o que viemos fazer aqui? Viemos trazer rock and roll para vocês”. Então, foi bem isso que o aconteceu: um bom e longo, mas longo mesmo, show de rock.

O setlist que incluiu retalhos de todas as fases da banda durou quase três horas e foi intercalado entre hits, baladas, diálogos do showman Dave e covers já esperados em versões bem alternativas. Exemplo foi o cover de “Under Pressure”, do Queen, cantada pelo baterista Taylor Hawkins. Depois de executar um solo de bateria de quase 10 minutos de duração, erguido em uma plataforma a mais de 4 metros de altura, desceu tranquilamente do seu posto para pegar o microfone e fazer nosso amigo Mercury ressuscitar por alguns poucos minutos.

Passadas as 19 músicas, incluindo um bem bolado de clássicos coverizados como “Imagine”, “Jump”, “Blitzkrieg Bop” e “Love of My Life”, além de uma versão estendida de “Best of You” (praticamente de uns dez minutos), a banda saiu do palco, deixou os fãs tomaram fôlego e voltou com mais três, incluindo o hit “Everlong” e a clássica promessa de que vão voltar, segundo Dave, com o Queens na garupa mais uma vez.

Nada novo sob o sol. Com três shows em um Beira Rio quase lotado, para mais de 30 mil pessoas segundo divulgado, Ego Kill Talent, Queens e Foo Fighters conseguiram criar uma bela noite de rock, daquelas que não necessariamente trazem nada de novo, mas que sempre são divertidas de assistir e participar. São apresentações de bandas que cumprem seu papel, mantendo a veia mais pura do rock intacta e inabalável… Pelo menos no caso das duas gigantes bandas internacionais que nos visitaram, que isso seja eterno enquanto dure.

** A foto que abre o post, de Dave Grohl em ação em Curitiba, é de Fernando Scoczynski Filho. A imagem de Josh Homme, do show do Queens of the Stone Age em Porto Alegre, é de Martina Josefiaki. A que ilustra a home da Popload e chama para este post é de autoria de Yasmin Abud Cunha.

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Postado por Lucio Ribeiro   dia 06/03/2018
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