* Atrasamos por questões técnicas, mas o Top 50 da CENA está no arrrrrrr. E chegou forte nesta semana. Bons singles, bons álbuns e um pouquinho de tudo: tem rap, rock, funk, MPB – Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro. A cena parece que começou a pegar fogo para valer em 2022.
1 – Vandal – “TIROH IH KEDAH” (Estreia)
Vandal, rapper de Salvador, chega reivindicando seus méritos e conquistas ainda ignoradas por uma turma. No EP “PUXUTRIUH”, de cara ele manda: “Primeiro trap de verdade no Brasil, primeiro grime de verdade no Brasil, primeiro drill de verdade no Brasil”. Vandal dispensa muitas elaborações, porque sua explicação sobre seu som é a explicação que vale: música que está à frente, música não aceita, indigesta, de verdade, sem maquiagem, música para sonhador. Quem ainda ignora a produção do Vandal tá de vacilo.
2 – Walfredo em Busca da Simbiose – “Traumas de Estimação” (Estreia)
Walfredo em Busca da Simbiose apresentou seu segundo single em poucos dias. Será que vem álbum novo por aí? Tudo indica que sim, mas o próprio quase que se esqueceu de divulgar a chegada do single no Instagram, então, imagina anunciar que vem disco hahaha… A estreia do projeto foi em 2019, com “Maiúsculas Cósmicas”. Neste single, o som é cósmico, mas a viagem é interna. Nas palavras de Lou Alvez, cabeça da banda de um homem só, se trata de uma música sobre a importância de sentir. Lou acredita que aí está o segredo para desvendar mistérios mais complexos. “Dançar com minha sombra, e encarar meus traumas de frente, me liberta”, ele escreve.
3 – Mc Hariel – “Pirâmide Social” (Estreia)
MC Hariel, um dos grandes expoentes do funk consciente, está em alta. Lançou seu DVD ao vivo de inéditas no começo do ano, apareceu na propaganda de uma plataforma de streaming do Paulistão, sentou para trocar uma ideia de visão com o Chavoso da USP e agora chega junto com uma fina Spotify Sessions para o som “Pirâmide Social”. Quem ainda não se aventurou pelo funk consciente vale fazer uma visita ao gênero que reconecta funk e rap, sons irmãos que em algum momento andaram distantes e resolveram se reaproximar.
4 – Gloria Groove – “BONEKINHA” (Estreia)
Algumas novidades deste “Lady Leste”, mais recente álbum da Gloria Groove, são bem interessantes: a abertura com participação de MC Hariel, que está aí no nosso terceiro lugar, e a faixa “VERMELHO”, são bons destaques – “VERMELHO” tem cara que pode tocar muito fácil em muita festa por aí. Mas o gostoso do disco é ir reconhecendo os hits que vieram de singles: é difícil para as novas competir com a força de “BONEKINHA”, onde Gloria coloca um riff de guitarra praticamente do Arctic Monkeys (da fase “AM”) dentro de um funk. Olha o rock aí!
5 – Do Amor – “A Morte do Amor” (Estreia)
A cena alternativa carioca anda forte nos últimos anos. Repleta de novidades, é interessante ver a posição da “velha” banda Do Amor neste momento. O grupo tem idade para ser parte influência da turma e ao mesmo tempo participar ativamente da cena, enquanto banda mesmo e nas colaborações de seus integrantes por aí. Ricardo Dias Gomes, Marcelo Callado, Gustavo Benjão e Gabriel Mayall, o Bubu, dão aqui a segunda pista do disco novo, que sai em breve pela Balaclava. Feita em esquema de home-office, a letra carregada “tenta exprimir um sentimento triste, de finitude de um grande amor, uma espécie de luto, onde apesar de ninguém ter morrido no sentido material da existência, tem-se uma sensação de que nada mais importa ao redor”, escreveu Callado.
6 – Francisco, el Hombre e Sebastianismos – “Um Dia por Vez” (Estreia)
Francisco, el Hombre chega de um momento especial. Engajados na luta pela democracia há tempos (pense que é deles uma música chamada “Bolso Nada”, de 2016), a banda vem direto da celebração dos 42 anos do Partido dos Trabalhadores para se jogar em um single que mistura a trajetória da grupo com a de seu baterista/vocalista Sebastianismos. Por isso a música une banda e projeto solo na hora de assinar o som. Faz sentido, já que a letra que parte da experiência pessoal de Sebastianismos acaba por contar o processo que deu na banda. Ele explica melhor: “Esta música abarca um dos momentos mais difíceis da minha vida: a depressão e como em coletivo se construiu a alternativa a isso – correr atrás dos sonhos como forma de superação”.
7 – Gabriel Ventura – “O Teste” (Estreia)
Para sua estreia solo, Gabriel Ventura, ex-Ventre, lançou um single que chama “O Teste” e é quase literalmente um teste. A música passeia por momentos bem diferentes, entre o MPB e um leve indie noise pique Sonic Youth, como que se Ventura tentasse expressar o máximo que pode para ser aprovado em uma fictícia audição – o esbarrão no microfone logo na introdução da música, conversas pela canção e o celular dão a dica. Aprovado, viu, Gabriel?
8 – Bala Desejo – “Baile de Máscaras (Recarnaval)” (1)
Há algo do nostálgico e novo no som da banda Bala Desejo, formado por jovens conhecidos da cena do Rio de Janeiro – Dora Morelenbaum, Julia Mestre, Lucas Nunes e Zé Ibarra. Há um Rio de Janeiro que comporta passado e futuro aqui. Também há algo de necessário neste som, que passa pela afirmação contida no título do disco (“Sim Sim Sim”) até esse desejo pelo Carnaval a fim de devolver “a alegria a quem foi dela sequestrado”. “Dentro do sim, dizer”, escutamos Caetano Veloso recitar na introdução do álbum. Está dito, turma. Arrepiaram.
9 – Baco Exu do Blues – “Lágrimas” (2)
Gal Costa aparece como feat. aqui, mas é uma coisa dos nossos tempos, onde um sample, que muitas vezes ficava escondido, aparece agora como participação especial. Ela canta “Lágrimas Negras”, de Jorge Mautner e Nelson Jacobina. As lágrimas que borram a letra do poeta, como cantou Mano Brown, borram os versos de Baco, que aprendeu a “não ter medo de bater, de apanhar, ser baleado ou atirar”, mas não aprendeu a amar, como cantou Cássia nos versos de Cazuza. Quanta referência!!
10 – Autoramas – “Nóias Normais” (3)
Gabriel Thomaz e cia vêm te tranquilizar logo na abertura do novo álbum do Autoramas, “Autointitulado”. Querer férias da própria cabeça? Brigar com o próprio reflexo? Repetir os mesmos erros? Nóias normais, pô. Tem que se ligar.
11 – Tuyo – Pra Curar (versão “Fragmentos 2”) (4)
12 – Anitta – “Boys Don’t Cry” (5)
13 – Chico Science e Nação Zumbi – “Maracatu Atômico” (6)
14 – Larissa Luz/Rabo De Galo e Ubunto – “Lá Vem os Homens” (7)
15 – Terno Rei – “Dias da Juventude” (8)
16 – Fernando Catatau – “Nada Acontece” (9)
17 – Gab Ferreira – “pieces” (10)
18 – Assucena – “Parti do Alto” (11)
19 – N.I.N.A. – “Stephen King (Jotaerre Remix)” (12)
20 – FBC – “De Kenner” (13)
21 – Pitty, Jup do Bairro e Badsista – “Busca Implacável” (14)
22 – Sargaço Nightclub – “A Dança do Caos” (15)
23 – Luneta Mágica – “Águas Poluídas” (16)
24 – Nara Leão – “Opinião” (17)
25 – Juçara Marçal – “Crash” (18)
26 – Don L – “Volta da Vitória/Citação: Us Mano e as Mina (Xis)” (19)
27 – Rico Dalasam – “Expresso Sudamericah” (20)
28 – Jadsa – “Sem Edição” (21)
29 – Alessandra Leão – “Borda da Pele” (22)
30 – LEALL – “Pedro Bala” (23)
31 – César Lacerda – “O Sol Que Tudo Sente” (40)
32 – Caetano Veloso – “Pardo” (25)
33 – Amaro Freitas – “Baquaqua” (26)
34 – Pabllo Vittar – “Não É Papel de Homem” (27)
35 – Coruja BC1 – “Brasil Futurista” (28)
36 – Prettos – “Oyá/Sorriso Negro” (29)
37 – Liniker – “Mel” (30)
38 – Luana Flores – “Lampejo da Encruza” (31)
39 – Valciãn Calixto – “Exu Não É Diabo (Èsù Is Not Satan)” (32)
40 – Bebé – “Sinais Elétricos na Carne” (33)
41 – Edgar – “A Procissão dos Clones” (34)
42 – Rodrigo Amarante – “Maré” (35)
43 – Tasha e Tracie – “Lui Lui” (36)
44 – GIO – “Sangue Negro” (37)
45 – Linn Da Quebrada – “I míssil” (38)
46 – Jonathan Ferr – “Amor” (39)
47 – Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo – “Fora do Meu Quarto” (40)
48 – MC Carol – “Levanta Mina” (41)
49 – Criolo – “Cleane” (42)
50 – Fresno – “Casa Assombrada” (43)
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* Entre parênteses está a colocação da música na semana anterior. Ou aviso de nova entrada no Top 50.
** Na vinheta do Top 50, .
*** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.
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