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* Uma das ideias para justificar a criação do top 10 era a de que lá na frente sua produção pudesse ajudar a gente a pensar em quais foram as melhores músicas do ano. E até que ajuda olhar para a nossa seleção de mais de 400 músicas que mexeram com a gente ao longo de 2021. A questão é que escolher quais são as melhores ali segue quase uma missão impossível e ingrata: com a gente e com as músicas. Mas nós não pecaremos por não tentar, com esta listinha, recuperar alguns dos melhores momentos deste ano musicalmente lindo.
1 – Wet Leg – “Chaise Longue”
“NME”, a publicação inglesa de nova música, que já foi berço de muitos hypes, se perguntou em 2021: há quanto tempo um hit com guitarras não é tão bom? Pode parecer um exagero, lógico, mas nem Rhian Teasdale e Hester Chambers, a dupla que toca a banda fenômeno indie Wet Leg, sabe explicar o que aconteceu com elas, que com apenas com duas músicas lançadas conseguiram virar sensação mundial com milhões de views e shows lotados. Britânicas, elas já chegaram abalando no EUA sem disco lançado. Grudentos, bem-humorados e viciantes, seus agora quatro singles na discografia indicam que é questão de 2022 chegar para elas emplacarem mais alguns hits.
2 – Little Simz – “Woman”
A rapper britânica levou nossa escolha de melhor álbum do ano. De lá poderiam sair várias canções do Top 10 definitivo de 2021, mas a gente que se limitou a escolher uma só. No caso, a poderosíssima “Woman”, a homenagem de Simz às mulheres que admira ao redor do mundo – um jeito de prestar tributo a todos os exemplos de força das mulheres. Um musicão que ainda tem a participação de outra britânica, Cleo Sol, naquele que é fácil um dos refrões mais deliciosos do ano: “I love how you go from zero to one hundred…”
3 – Dry Cleaning – “Strong Feelings”
E a nossa banda favorita do novo pós-punk britânico (instituição cada vez mais forte) neste ano foi, sem dúvida, Dry Cleaning e suas músicas quase faladas em ritmo groove grunge, um termo maravilhoso demais. Tem outras excelentes de onde tiramos esta.
4 – Parquet Courts – “Walking at a Downtown Pace”
Das bandas de rock mais cabeça aberta que andam pelo mundo atualmente, o Parquet Courts produziu em 2021 uma boa cota de candidatas a melhor música do ano. Canções dançantes e com solos de guitarra são sempre possíveis. E é o que acontece aqui. Além de que no álbum “Sympathy of Life”, entre diferentes ritmos, timbres e ótimas letras, a banda parece imaginar o mundo pós-pandemia e chama o ouvinte à ação. Outro detalhe: se esta música não for trilha do Fifa 22, foi muito vacilo. A batida e as guitarras dão vontade de viver.
5 – Japanese Breakfast – “Be Sweet”
A produção da Michelle Zauner dentro de seu projeto Japanese Breakfast é excelente. Acontece que “Be Sweet” é um hit fora da curva. Daquelas músicas que se um DJ brasileiro descobrir e lançar numa rádio adulta de velharias vai deixar todo mundo doido. Não é que ela seja datada, não, é que ela tem justamente o frescor dos melhores hits dos anos 80. Uma música para gente apresentar para o Guilherme Arantes, saca? E o público percebeu isso: é a música mais ouvida de longe da Japanese Breakfast. Que as pessoas fiquem curiosas de escutar o restante.
6 – Billie Eilish – “NDA”
O álbum da Billie Eilish tem um complicador. Talvez uma de suas melhores músicas, “My Future”, é do disco de 2021, mas lançada em 2020. Nesse caso, a gente “se contenta” com “NDA”, uma das letras mais sombrias de “Happier Than Ever”, com Billie listando várias situações tensas desde que sua vida virou de ponta-cabeça com a proporção do seu sucesso. Geniazinha.
7 – Julien Baker – “Faith Healer”
Lançado bem no começo do ano, capaz que muita gente marcou bobeira e vai se esquecer do belo álbum da Julien Baker, que marcou uma mudança na sua carreira – agora acompanhada de uma banda completa e não mais no esquema guitarra e voz. “Faith Healer” é sobre vícios, das drogas até a pela política e a religião. Uma canção sobre lidar com a dor. Bem apropriada para estes tempos.
8 – Tyler, The Creator – “SWEET/ I THOUGHT YOU WANTED TO DANCE”
Tem uma tradição na obra do rapper Tyler, The Creator: a décima música do álbum sempre é no esquema duas em uma. No caso da duplinha de “CALL ME IF YOU GET LOST” calhou também de ser uma das melhores do disco. Você nem sente que está ali curtindo a visão apaixonada do Tyler por quase dez minutos.
9 – Jazmine Sullivan – “Pick Up Your Feelings”
Só um paralelo curioso, Jazmine é ao lado da Bjork uma das mulheres com mais indicações ao Grammy sem ter levado um troféu até hoje. Nossa aposta é que essa onda acaba com a sensacional “Pick Your Fellings”, que em janeiro concorre a dois Grammys. Se não levar, só pode ser brincadeira.
10 – Beach House – “Over and Over”
Parte do álbum que o duo americano Beach House termina de lançar só ano que vem, “Over and Over” é, como alguém classificou no YouTube, a música de sete minutos mais curta da história, tamanho é o envolvimento que eles conseguem criar aqui.
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* A imagem que ilustra este post é das meninas da banda Wet Leg, Rhian Teasdale e Hester Chambers.
** Este ranking é formulado pelo duo Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.