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* Uma semana daquelas no Top 10, onde vários artistas de porte médio ou até mesmo pequeno, quase desconhecidos, ficam responsáveis pelo barulhão. A gente acha, ou pelo menos tem vontade, que seja questão de tempo para nomes assim estourarem no Brasil, tipo a garota Nilüfer Yanya ou a banda Porridge Radio. Isso nos perguntando aqui se pode-se dizer que o Fontaines D.C. pode ser considerado um “grupo estourado” no Brasil. Outra pergunta que surge numa semana destas é: o que os gigantes andam aprontando nos estúdios do mundo?
1 – Nilüfer Yanya -“anotherlife”
Estamos apostando alto que a inglesa Nilüfer Yanya vai ficar grandona em 2022. O Coachella está com a gente nessa aposta. Que tal? A fórmula é óbvia quase. Suas músicas são boas, trazem muito em poucos acordes. Sua voz, meio grave e rouca, mas nem tanto, é única. Dessa soma algo está sendo feito que promete balançar estruturas, pelo menos na Inglaterra. Pergunte para gente novamente assim que “Painless”, seu novo álbum, sair no começo de março.
2 – Fontaines D.C – “I Love You”
Banda irlandesa de pós-punk que sai de temas do cotidiano para canções politizadas? Já vimos esse filme? “I Love You” é a primeira música que a turma do Fontaines considera explicitamente política. Política e direto do coração e da emoção, “I Love You”, é uma carta de amor indignada ao país que amam, mas que ainda é capaz de carregar uma história tão cruel com muitas pessoas – brasileiros podem se identificar muito aqui, é só mudar alguns nomes.
3 – Khruangbin e Leon Bridges – “B-Side”
Música instrumental é massa, mas quem nunca escutou uma banda de instrumental e pensou “E se tivesse um vocal aqui?” está mentindo. Daí que é muito especial o encontro de uma banda de rock instrumental legal demais como o Khruangbin, que a gente conhece bem do Popload Festival, com uma supervoz que é o Leon Bridges. A turma texana já tinha se aventurado no EP “Texas Sun” e agora o dia escurece em “Texas Moon”. Delícia de som.
4 – Beach House – “Over and Over”
Agora que está completo o álbum “Once Twice Melody”, a gente tem certeza da impressão que vinha tendo a cada parte que era lançada do disquinho – que chegou de maneira inusitada em quatro partes: temos em mãos um dos melhores álbuns da dupla de Baltimore. É um trabalho muito centrado nas canções, que parecem fortes os suficientes para sobreviverem a um arranjo básico de voz e violão, mas nas mãos da dupla crescem em arranjos marcantes, eletrônicos, orquestrais, não tem repetição. Não é todo mundo que chega no oitavo disco com tanto pique.
5 – Turnstile – “Underwater Boi”
Esta é do ano passado, mas ganhou um vídeo recente e meio bizarro. E a banda vai colar no Lolla mês que vem. Então já viu, né? Temos motivos para jogar ela aqui no alto. Turnstile é de Baltimore como o Beach House acima e seu explosivo “Glow On” é um dos discões do ano passado, caso não tem se ligado. E “Underwater Boi” é das músicas mais legais, conquista por conseguir mostrar a capacidade de variações da banda – indo de um suave pop-indie em alguns momentos para uma guitarra base pesada que poderia estar, sei lá, em um disco Mötley Crüe, sério (lembrou muita a guitarra de “Smokin’ in the Boys Room”). Too much information?
6 – Porridge Radio – “Back to the Radio”
Em 2020, um dos nosso disco prediletos foi “Every Bad”, segundo álbum da banda inglesa Porridge Radio. Imagina então nossa felicidade em saber que a sequência dessa belezinha já está quase por aí? “Waterslide, Diving Board, Ladder to the Sky” vem em maio, para sermos precisos. E o primeiro single da novidade é a catártica “Back to the Radio”, escrita a partir “de um sentimento de solidão intensa e de despreparo para o que todo mundo estava me prometendo”, nas palavras de Dana Margolin, vocalista do grupo. Pense que o grupo estava para “estourar” quando a pandemia pausou tudo: capa da NME, elogiadíssimos em todas as publicações…
7 – Hikaru Utada – “BADモード”
Hikaru Utada é uma artista que nasceu nos EUA, mas filha de japoneses foi ao Japão e começou por lá uma carreira musical de sucesso desde o final dos anos 90. Fez seus discos, trilhas de games e agora está bombando por aí com seu novo álbum, “Bad Mode”. Levou uma boa nota 8 da Pitchfork e acumula críticas positivas em sites como o Rate Your Music, que registra avaliações de viciados em música. A gente foi checar e é divertido mesmo – inventivo em misturar elementos pop com cordas e boas harmonias vocais. Se você nunca se aventurou pelo J-Pop, tá aí uma porta de entrada.
8 – Cities Aviv – “Ways of the World”
Cities Aviv é um rapper americano que quase virou jornalista – ele abandonou a faculdade, sorte a dele. Em sua discografia, que tem larga influência de rap, soul, rock, pós-punk, uma característica que salta aos olhos (ouvidos) é sua maneira meio única de lidar com samples – bem exagerados, como você pode notar neste som onde volumes e loops aparecem de um jeito nada usual. Bom demais.
9 – Banji – “Chills”
É muito comum para nós jornalistas encontramos as bios mais esquisitas de novos artistas. Daquelas que deixam a gente com mais dúvidas que respostas. Daí que é muito divertido quando uma banda que a gente só curtiu um som entrega tanto em sua descrição. Os holandeses do Banji, por exemplo, contam que suas tags básicas são brincalhões, jovens de coração, coloridos e rebeldes e que eles estão prontos para chutar umas bundas com seu híbrido de pop, R&B e electro funk. “Chills” tem que virar um hit global. Atualmente não tem 100 mil plays. Mas vamos aguardar. E torcer.
10 – Tame Impala – “The Boat I Row”
Quase todo o disco de Remixes e lados B de “The Slow Rush”, que chega dois anos após o disco original, já estava por aí em singles. Ainda assim, vale revisitar tudo de novo ou pelo menos sacar as (poucas) coisas que ainda não tinham sido lançadas. É levemente mais do mesmo? Hum, mas isso, no caso do Tame Impala, não é necessariamente ruim…
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* A imagem que ilustra este post é da cantora inglesa Nilüfer Yanya, em imagem de Molly Daniel.
** Este ranking é formulado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.
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