*** Popload em fase inconstante e de teste, por causa deu um “acidente técnico” que abalou o site nesta semana. Estamos trabalhando para normalizar tudo. Então vamos low aqui até o fim do Lollapalooza. Depois a gente volta no gás. Esperamos.
***
* Se a semana gringa foi mais complicada, a semana brasileira pareceu um pouco mais tranquila de lançamentos – até porque a gente já tinha abordado muita coisa que saiu oficialmente na sexta passada. Mas isso está longe de signficar que a semana foi fraca. A banda amazonense experimental Luneta Mágica lançou um baita disco, singles interessantes apareceram em várias regiões e o grande Rico Dalasam fez a gente abrir a rara exceção de dar espaço para uma música “antiga” em nova versão. Ainda mais botando logo no primeiro lugar. É que, ao vivo, “Braille” é de arrepiar.
1 – Rico Dalasam – “Braille” (Ao Vivo no Encontro DDGA) (Estreia)
Existem versões ao vivo que levam a música para outro lugar, não é? E esse é o caso aqui nessa versão live da já emocionante “Braille”. Gravada em São Paulo em um show que Dalasam já chama de encontro, trocando aí muito do sentido que pode ser uma apresentação ao vivo ao instaurar outro tipo de conexão com o público, ela começa com o rapper comentando emocionado o peso que esta canção teve em sua vida. Pelo visto, mudou a da plateia também, que entra com tudo cantando junto. Não dá para soltar a íntegra do show, Dala?
2 – Luneta Mágica – “Além das Fronteiras” (Estreia)
Muito especial a abordagem que esta banda de Manaus escolhe em seu terceiro e conceitual álbum, “No Paiz das Amazonas”. O instrumental de banda de rock clássico (baixo, bateria e guitarra) é preenchido por outras paisagens sonoras. Como eles próprios argumentam, há um avanço de olho no krautrock alemão do final da década de 60 e na percussão experimental brasileira, além de referências à música popular do Amazonas, como o Gambá de Maués e o Boi Bumbá de Parintins. Inspiração do disco, é como se o grupo refizesse o caminho proposto pelo cineasta Silvino Santos em seu filme “No Paiz das Amazonas”, lançado há 100 anos e que exibiu a floresta e suas relações para o mundo de maneira inédita.
3 – Vanguart – “Amor” (Estreia)
A série Brazil Classics da Luaka Bop começou com as descobertas brasileiras que David Byrne ia fazendo. Até o volume 3, cada coletânea reunia diversos artistas. Aí Byrne esbarrou em Tom Zé e dedicou o volume 4 todo a sua obra. Tamanho gesto recolocou Tom Zé no mundo, ele que estava prestes a abandonar a carreira musical. Naturalmente, o volume 5, editado em 1992, se tornou nada mais, nada menos que seu primeiro trabalho de inéditas desde 1984. E é nesse disco que está a belíssima “Amor”, agora revisitada pelo Vanguart para a coletânea “Uma Onda para Tom Zé”, que está sendo tocada por Patricia Palumbo. A Popload não existia em 1992 para celebrar ela, então agora está resolvido.
4 – HENRI – “Coração de Plástico” (Estreia)
Henri é o alter ego de Thiago Henrique Vasques, que talvez você conheça de outros projetos, como o duo de indie pop Carpechill e a banda Corte Aberto. Nessa configuração solo trabalha no modo “bedroom pop”, muito por conta de ter começado durante a pandemia. Dá uma sacada, refrão viciante demais – dá até vontade de se meter na produção da música e sugerir que em vez de acabar em um instrumental ela abraçasse de vez sua raiz oitentista e se entregasse em um longo fade-out.
5 – Agnes Nunes – “Não Quero – A COLORS SHOW” (Estreia)
A gente já destacou por aqui o primeiro álbum da Agnes (“Menina Mulher”), baiana que coleciona já alguns hits e feats. famosos. Sua nova e boa música faz parte da safra brasileira que anda colando no sensacional, superestiloso e minimalista canal “Colors”, que a gente sempre menciona aqui como referência para encontrar novos (e bons) artistas.
6 – Diogo Strausz – “Deixa a Gira Girar” (Estreia)
Entre Paris e São Paulo, Diogo Strausz, que também é produtor de mão-cheia, está no preparativos de um segundo disco solo. O primeiro, “Spectrum Vol.1”, é do distante 2015. Nessa trajetória para o novo trabalho ele recupera um clássico d’Os Tincoãs, “Deixa a Gira Girar”. Regravar a música em 2022 tem um sentido político para Diogo. “Quando nós, como comunidade que acredita na liberdade e na tolerância religiosa, cantamos ‘Deixa a Gira Girar’, em 2022, não podemos ficar tranquilos. Tem que ser uma demanda”, escreveu o artista. É bem por aí mesmo, Diogo.
7 – Zudizilla – “Oya” (1)
No seu excelente novo álbum, “Zulu: De César a Cristo (Vol.2)”, o rapper gaúcho Zudizilla faz uma porção de convites, oferece ideias e possibilidades, afinal há um mundo a se resolver. E também há uma escapatória possível para os vícios do mercado. Do muito que acontece ao longo do disco, em músicas que modulam e soam como duas dentro de uma, é em “Oya” que Zudizilla radicaliza a proposta, desde os versos que parecem não caber no espaço da música até a generosidade expressa em metade do espaço da canção a outro artista. No caso, é o violão de Eduardo Freda que faz um casamento perfeito com a emoção de Zudizilla. Bonito.
8 – Terno Rei – “Aviões” (2)
O que dizer deste disco que a gente tanto esperou e tanto entrega em beleza? Talvez o único erro do Terno Rei tenha sido dar de bandeja, pouco antes do lançamento do álbum, sua música mais bonita até aqui – a gente escutou as outras, testando nossa afirmação, mas não teve jeito: “Aviões” é absurda. Absurda na delicadeza, na mensagem que atinge todos que sofreram com a distância na pandemia e agora se reencontram (consigo e com os outros, em alguma medida) e notam o quanto o nosso redor está alterado para sempre. Um futuro que não aconteceu ainda está na presente na mente, mas na janela o mundo é outro. Como lidar com isso?
9 – Saskia – “Quarta Trave” (3)
A Saskia, autora do excelente “Pq”, álbum de 2019 com produção da Ava Rocha e do Negro Léo, prepara a sequência desse trabalho. Agora uma artista da Balaclava, ela afirma que “Quarta Trave”, primeiro single da nova fase, é parte de seu “novo relacionamento sério com a música”. Pelo pique da canção, a coisa é séria.
10 – Coruja BC1 – “Auxílio Emergencial do Rap” (4)
Se no álbum “Brasil Futurista”, Coruja BC1 mostrou uma nova amplitude do seu trabalho dentro do hip hop, o single “Auxílio Emergencial do Rap” relembra uma parte da sua obra muito querida pelos fãs mais atentos, sua capacidade assombrosa de enfileirar linhas de soco em seus versos. A pancada vem forte nessa “primeira parcela” do auxílio, e não escapa ninguém – presidente, publicitários e até a ala da Sonserina ganham um “recado”.
11 – Duda Beat – “Dar uma Deitchada” (5)
12 – Larissa Luz – “Brinco Só” (6)
13 – Monna Brutal – “Hashtag (com Mu540)” (7)
14 – Afrocidade – “Toma” (8)
15 – B.art – “Mamba Negra” (com Zilladxg) (9)
16 – Urias – “Foi Mal” (10)
17 – Wado – “Aquele Frevo Axé (com Patrícia Marx)” (11)
18 – Gab Ferreira – “faking it” (12)
19 – Luedji Luna – “Banho de Folhas” (Raze Mix) (13)
20 – Febem – “Champions” (14)
21 – Jambu – “Sem Rumo” (15)
22 – Otto – “Peraí Seu Moço” (16)
23 – Ava Rocha – “Papais Panacas” (com Iara Rennó e Saskia) (18)
24 – Bruno Morais – “Onironauta” (19)
25 – Black Alien – “Pique Peaky Blinders” (20)
26 – Supervão – “Primeiro Date” (21)
27 – Julia Mestre – “Meu Paraíso” (com Lux & Tróia) (22)
28 – FBC – “Se Tá Solteira Breaking Beattz remix” (com Mac Júlia) (23)
29 – Bala Desejo – “Lambe Lambe” (24)
30 – brvnks – “holy motors” (25)
31 – Vandal – “TIROH IH KEDAH” (26)
32 – China – “Carnaval Infinito” (27)
33 – Walfredo em Busca da Simbiose – “Traumas de Estimação” (28)
34 – Mc Hariel – “Pirâmide Social” (29)
35 – Gloria Groove – “BONEKINHA” (30)
36 – Do Amor – “A Morte do Amor” (31)
37 – Francisco, el Hombre e Sebastianismos – “Um Dia por Vez” (32)
38 – Gabriel Ventura – “O Teste” (33)
39 – Baco Exu do Blues – “Lágrimas” (34)
40 – Autoramas – “Nóias Normais” (35)
41 – Tuyo – Pra Curar (versão “Fragmentos 2”) (36)
42 – Anitta – “Boys Don’t Cry” (37)
43 – Fernando Catatau – “Nada Acontece” (38)
44 – Assucena – “Parti do Alto” (39)
45 – N.I.N.A. – “Stephen King (Jotaerre Remix)” (40)
46 – Sargaço Nightclub – “A Dança do Caos” (41)
47 – Juçara Marçal – “Crash” (39)
48 – Don L – “Volta da Vitória/Citação: Us Mano e as Mina (Xis)” (40)
49 – Jadsa – “Sem Edição” (42)
50 – Alessandra Leão – “Borda da Pele” (43)
*****
*****
* Entre parênteses está a colocação da música na semana anterior. Ou aviso de nova entrada no Top 50.
** Na vinheta do Top 50, o rapper Rico Dalasam.
*** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.
>>