TOP 50 DA CENA – Elza é mulher do primeiro lugar. Alaíde Costa transforma o pódio em clássico. Luna França chega pra comer em terceiro

Mudanças são sempre uma complicação. Como você deve ter notado, nosso site anda um “pouquinho” diferente e por esse entre outros motivos a gente não teve Top 50 semana passada. 

Com isso, nesta semana vamos tentar resolver essa treta acumulada de duas semanas – e agora quase três, já que acabaram de chegar os lançamentos desta sexta-feira. Por isso, eventuais ausências e uma questão de ordem precisam ser relevadas porque tivemos que juntar muita coisa incrível que saiu em semanas separadas na mesma lista. Mas, com o tempo, vamos conversando melhor sobre tudo isso. 

Elza tinha um take para acertar a versão ao vivo de “Mulher do Fim do Mundo” em sua gravação ao vivo no Teatro Municipal. E ela não teve medo. Na versão, há espaço para uma voz jovial, pura bossa, há espaço para o risco, quando ela ousa uma nota alta que não alcança, há espaço para seu improviso, improviso que virou um marcante mantra: “Me deixem cantar até o fim”. Pedido atendido. Como em um roteiro de filme, a composição de Alice Coutinho e Romulo Fróes, auge de seu repertório mais recente, é a última gravação de Elza.   

Emicida e o produtor Marcus Preto tiveram meio que a mesma ideia ao mesmo tempo: imaginar um repertório de músicas inéditas para Alaíde Costa, supervoz da música brasileira, precursora da bossa nova, intérprete grandiosa, também compositora, que ainda não tinha feito um disco nesses moldes – todo pensado para ela. E Alaíde amou o presente da dupla.  “O Que Meus Calos Dizem sobre Mim” traz oito canções fortes, sete inéditas – uma delas, de João Bosco e do filho Francisco Bosco, é quase inédita, um lado B de João. Para o fã do Emicida, que às vezes podem desconhecer seu lado de compositor para outras vozes – ele já escreveu para Paulo Miklos, Erasmo Carlos, entre outros… – talvez role uma surpresa com suas letras em belas parcerias com Joyce, Ivan Lins. Para os jovens que ainda não escutaram tudo de Alaíde, um convite para revistar uma discografia essencial da música brasileira. Discografia em seu melhor momento aos 86 anos. Jóia. 

Luna França segue no processo de assumir seu protagonismo após anos de trabalho no apoio e nos bastidore de outros artistas.  E aqui ela chega chegando em letra e vídeo cheios de duplos sentidos e liberdade total. De encher os olhos e os ouvidos. “Um”, seu álbum vem em breve.

Já que falamos em Joyce… A cantora solta em breve seu disco “Natureza”, gravado em 1977 e que teimou em permanecer inédito até agora. O álbum, que tem arranjos do maestro alemão Claus Ogerman, que trabalhou com João Gilberto e Tom Jobim, finalmente ganha a luz do dia através do selo inglês Far Out Recordings. Como prévia, uma versão absurda com 11 minutos do hit “Feminina”, que seria lançado por Joyce em outro disco e com outra cara já nos anos 1980, já está por aí. De tirar o fôlego. 

Por falar no selo inglês Far Out Recordings, são eles que vão lançar o alagonano Bruno Berle por aí. “Quero Dizer”, primeiro single dessa nova fase, é um interessante mix de mundos que geralmente não conversam. “Nessa música, eu vejo o Brasil nos acordes, na harmonia, no violão, e vejo os Estados Unidos na batida e na voz, com uma influência forte do R&B”, explica Bruno, com toda razão. 

Do sempre imaginativo Maurício Pereira, “Um Teco-Teco Amarelo em Chamas” é uma canção sua gravada em 2007 que traz quatro versos que se reconfiguram a cada nova estrofe de um jeito muito peculiar. Neste novo arranjo, uma guitarra solitária de Tonho Penhasco, guitarra construída pelo próprio Tonho, aliás, leva a canção todinha. Uma revisita interessante. 

Tem 20 anos que Bruno Capinam vive entre Brasil e Canadá. Mas sua Bahia parece o lar deste álbum gravado ao redor do mundo. O menine faz uma bela homenagem ao seu país, lembrando seus heróis, seus povos originários e também um pouco de sua biografia. O que a Bahia deu ninguém pode tirar. E tudo costurado na produção finíssima da nossa querida prodígio Vivian Kuczynski.  

E Urias parte para conquistar o mundo. Sua conexão com o hyperpop já presente no álbum “FÚRIA” alcança novas dimensões em “HER MIND”, que como o nome entrega olha bastante para a música internacional – só em “Je Ne Sais Quois”, por exemplo, ela vai do francês ao português para o inglês como se fosse tudo a mesma coisa. E faz todo o sentido. Ela já está com turnê agendada na gringa e tudo. Sucesso.  )

Parceria explosiva de dois rappers habilidosos nas linhas de soco de um bom rap. Só reparar que o primeiro verso do RT já chega neste grau: “Nem diante desse mar vermelho eu tremo/ Meu Deus é interno e preto, tipo ter fé em si mesmo”. Coruja não devolve com menos: “Quer ser a frente do seu tempo, vai morrer frustrado/ Quer ser igual seu tempo, não vai ser lembrado”. Da rica (e cada vez mais popular) cena mineira, RT Mallone é dos bons rappers que talvez ainda não seja tão conhecido quanto Djonga ou FBC, mas que merece esse espaço. Chega junto no trampo do cara. 

Em um pop solar, Maglore investe em um amor de verão que permanece mesmo após dias escuros ou que é refeito após um término – um papo sobre relações e seus dias de gelo e de calor, erros e acertos. Ou sobre outras coisas, que sempre cabem ser interpretadas em letras que entregam tanto. Para escutar repetidas vezes e acompanhar na harmonia vocal o coro.

11 – Rico Dalasam – “30 Semanas” (1)
12 – Criolo – “Ogum Ogum” (com Mayra Andrade) (2)
13 – Thiago Jamelão – “Diálogo sobre Vivência” (3)
14 – João Gomes – “Me Adora” (4)
15 – Black Pantera – “Estandarte” (com Tuyo) (5)
16 – Ratos de Porão – “Necropolítica”(6)
17 – N.I.N.A. – “Anna” (8)
18 – Tim Bernardes – “Nascer, Viver, Morrer” (9)
19 – Saskia – “Quarta Obra” (10)
20 – Rashid – “Pílula Vermelha, Pílula Azul” (11)
21 – Otto – “Tinta” (12)
22 – Assucena – “Ela (Citação a Menina Dança)” (13)
23– Dieguito Reis – “Decolagem” (15)
24 – Amen Jr. – “Mysterio” (16)
25 – Walfredo em Busca da Simbiose – “Netuno” (17)
26 – Gorduratrans – “Enterro dos Ossos” (18)
27 – Gabriel Ventura – “Nada pra Ensinar, Muito pra Aprender” (19)
28 – AIYE – “Isadora” (20)
29 – Lupe de Lupe – “Brasil Novo” (21)
30 – Holger – “Beaver” (22)
31 – Glue Trip – “Lazy Days” (com Arthur Verocai) (23)
32 – Sérgio Wong – “Filme” (24)
33 – Radio Diaspora – “Ori” (25)
34 – Anitta – “Maria Elegante” (com Afro B) (26)
35 – Devotos – “Periferia Fria” (com Criolo) (27)
36 – UANA – “Vidro Fumê” (28)
37 – Cícero – “Sem Distância” (29)
38 – Karol Conká – “Fuzuê” (30)
39 – Florais da Terra Quente – “Suco de Umbu” (com Chapéu de Palha) (31)
40 – Narcoliricista – “Bem Pertin” (32)
41 – Marina Sena – “Temporal” (33)
42 – LAZÚLI – “Pomba Gira” (34)
43 – Valciãn Calixto – “Aquele Frejo” (36)
44 – Helo Cleaver – “Café com Leite” (37)
45 – Messias – “Avenida Contorno” (38)
46 – Labaq – “Dóidóidói” (39)
47 – Jota.pê – “Preta Rainha” com Kabé Pinheiro e Marcelo Mariano (41)
48 – Luneta Mágica – “Além das Fronteiras” (43)
49 – Diogo Strausz – “Deixa a Gira Girar” (47)
50 – Zudizilla – “Oya” (48)

* Entre parênteses está a colocação da música na semana anterior. Ou aviso de nova entrada no Top 50.
** Na vinheta do Top 50, a saudosa cantora Elza Soares.
*** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

>>

MITSKI – horizontal miolo página

news

Postado por Lúcio Ribeiro   dia 06/06/2022
Editora Terreno Estranho – quadrado interno
MITSKI – inner fixed
Editora Terreno Estranho – inner fixed mobile