Disco do ano? É hora de ouvir “Virgin”, o novo álbum intimista e libertador da Lorde

Figura das mais bem quistas no universo Popload, Lorde está de volta com o aguardadíssimo “Virgin”, seu quarto disco de estúdio. O projeto marca uma guinada mais vulnerável, madura e honesta na discografia da cantora neozelandesa, que estreou e estourou mundialmente aos 16 anos com “Pure Heroine” (2013).

Ao longo das 11 faixas, Lorde costura memórias, traumas e novas percepções de identidade com uma sensibilidade crua, algo percebido já em “Hammer”, faixa de abertura em que ela indica o que está por vir: “Estou pronta para sentir que não tenho todas as respostas”. E, de fato, “Virgin” é um recorte absurdo de incertezas, recomeços e redescobertas, confessional e com produção detalhista.

Produzido ao lado de Jim-E Stack, “Virgin” também conta com um time de peso, que inclui Bon Iver, Blood Orange, Fabiana Palladino, Daniel Nigro, entre outros.

Ao contrário do clima ensolarado e zen do anterior “Solar Power”, Lorde meio que recupera aqui o espírito mais denso de “Melodrama” (2017), ainda que algo mais contida. As batidas pulsantes, ora reflexivas, ecoam especialmente em faixas como “Shapeshifter” e “Broken Glass”, abordando temas como solidão, sexualidade e, claro, relacionamentos que não deram certo.

Lorde nem chegou aos 30 anos, veja bem, mas dá luz através de sua arte seus questionamentos mais complexos, quando revela, por exemplo, que tem repensado sua expressão de gênero. E isso fica explícito quando ela tira do papel e bota em música uma frase do tipo: “Some days I’m a woman / Some days I’m a man”.

O que dá para tirar de conclusão é que “Virgin” traz Lorde “se permitindo”, ao ponto de deixar umas fotinhas NSFW no encarte. Bom pra gente, porque podemos identificar potenciais hinos indies ao longo dos quase 35 minutos de disco.

Aaaaaaantes do álbum, o vídeo de “What Was That” no show surpresa dela no Glastonbury.