O Feliz Natal do Morrissey, (não) anunciando um novo álbum com 12 músicas inéditas

Morrissey aproveitou o clima de Natal para reacender, de uma vez, a curiosidade em torno da própria discografia. Menos mal. O ex-vocalista do The Smiths publicou em seu site oficial uma lista de 12 faixas de um novo álbum, acompanhada do logo da Sire Records, oficializando o início de uma nova fase com o selo que ele anunciou dias atrás. O detalhe é que esse anúncio veio sem título de disco, sem capa, sem data de lançamento e sem explicação, o que só aumentou o mistério em torno do que vem por aí. Depois de anos de briga com gravadoras e álbuns engavetados, ver Morrissey associado novamente a uma grande label já foi suficiente para animar uma base de fãs acostumada a notícias mais amargas do que promissoras.

A tracklist em si traz aquele tipo de humor sombrio e estranheza que sempre marcaram os títulos do cantor, inegavelmente um dos grandes compositores do rock nas últimas décadas. “The Monsters Of Pig Alley”, “Headache”, “Make-Up Is A Lie”, “The Night Pop Dropped”, “You’re Right, It’s Time”, “Kerching Kerching”, “Zoom Zoom The Little Boy”, “Lester Bangs”, “Boulevard”, “Many Icebergs Ago”, “Amazona” e “Notre-Dame” são os nomes. 

De cara, algo que chama atenção é o que ficou de fora. Não há sinal de “Rebels Without Applause”, o single lançado em 2022, nem de nenhuma das faixas já associadas a “Bonfire Of Teenagers”, o disco que virou símbolo da fase travada da carreira recente de Morrissey. Tudo indica que esse novo conjunto de músicas pertence a outro projeto: o tal “segundo álbum” que ele disse ter regravado na França em 2023, com metade das faixas descartadas, outras seis adicionadas e até mudança de título em relação ao que existia no início daquele ano.

Enquanto esse novo capítulo começa a se desenhar, a novela de “Bonfire Of Teenagers” continua a perseguir o cantor. O álbum foi anunciado com pompa, descrito por ele como o melhor trabalho da carreira, teve lançamento prometido pela Capitol Records e acabou engavetado após Morrissey romper com a gravadora no fim de 2022. No meio do caminho, surgiram relatos de que Miley Cyrus pediu para retirar seus backing vocals da faixa “I Am Veronica”, gravados em 2020, e que a decisão teria relação com a crescente rejeição às posições políticas do músico, especialmente seu apoio ao partido For Britain, cuja insígnia ele chegou a usar em uma aparição na TV. 

Desde então, Morrissey tem insistido que não é de extrema direita, ao mesmo tempo em que acusa a indústria e a antiga gravadora de censura, “fascismo” e sabotagem deliberada do álbum, chegando a dizer que “Bonfire Of Teenagers” só foi contratado para nunca ver a luz do dia. Em textos publicados em seu site, ele afirma estar sendo “emudecido”, reclama de uma “cultura idiota” e diz que artistas genuínos estariam sendo mantidos reféns por pessoas que não toleram opiniões alternativas.

No ano passado, Morrissey afirmou ter comprado de volta os direitos de “Bonfire Of Teenagers” e também de “World Peace Is None Of Your Business”, de 2014, o que, em tese, lhe dá liberdade para relançar esses trabalhos da forma que achar melhor, seja de maneira independente, seja com o apoio de um novo parceiro, papel que a Sire parece disposta a assumir nessa fase. 

Paralelamente a todo esse drama fora do palco, ele continua em atividade ao vivo e já anunciou uma turnê europeia para o ano que vem, com shows marcados nos Estados Unidos já a partir da próxima semana, incluindo um grande rolê pela Europa em fevereiro. Se ele vai cumprir a agenda…

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