Top 50 da CENA – Mateus Fazeno Rock no nosso topo. Jasmin Godoy mostrando o caminho no segundo lugar. E o rebolado soturno do FBC em terceiro

Uma semana diferente pojr aqui. Resolvemos lançar no primeiro lugar um cara que lançou seu disco tem um tempo já, mas que voltou a fazer um sentindo imenso para gente. Até porque num mundo apressado deste, é bom tocar no nosso ritmo. E bons discos pedem mil escutas, não? Vamos de rock! 

Nestes dias para trás foi o tal do “Dia do Rock”, uma data que só existe no Brasil e que parece cada ano contribuir em deixar o gênero mais reacionário ou saudosista, se quiser uma palavra mais leve. Ajudou a cair nossa ficha do quanto o álbum “Jesus Ñ Voltará”, do cearense Mateus Fazeno Rock, é a antítese desse processo. Se há um desejo que o rock volte aos seus bons momentos, seja lá o que isso signifique, Mateus mostra que ainda há muito a ser explorado no estilo. Com voz única no timbre e na forma de escrever o texto, o músico aproveita o melhor da ideia do rock, pelo menos a de sua essência: a subversão do estabelecido. Guitarras pesadas conversam com funk, trap e o que mais couber na mistura. Se esse argumento não te interessar, acredite: “Pode Ser Easy” poderia ser o hit do ano se tocasse massivamente em rádios. O rock está por aí. É só ir fazeno. 

Quem deu essa dica para a gente foi a semibrever e semiloader Dora Guerra. Jasmim é uma holandesa-brasileira (mineira, nas palavras de Dora). Seu som fica entre um folk, um indie… cinemático, sabe? Nascida em Roterdã, Jasmin conta que no álbum quis deixar evidente seu gosto por Clube da Esquina por aqui e pega a deixa de Milton e cia para colocar seus molhos holandeses. Deu bom, viu?    

Ainda na vibe consulado mineiro. Nesta semana, FBC dá a senha do sucessor de “BAILE”. Vem aí “O amor, o Perdão e a Tecnologia Irão Nos Levar para Outro Planeta” – que nome gigante, não? “Madrugada Maldita”, single que antecipa o disco, dialoga com a capa do álbum, que traz o rapper no breu iluminado apenas pela luz refletida em um globo espelhado. Um som mais soturno, mais sobre erros e mancadas, mas não menos dançante do que você se acostumou a gostar dele. Outro clima, o mesmo rebolado. 

Fábio Kalunga foi dos nomes históricos do underground carioca. Partiu jovem de tudo em 2017. Líder da banda Cabeça, Fábio também foi um dos seletores em BNegão & Seletores de Frequência. Paulada que não chega a ter dois minutos, “Salve Kalunga” é uma celebração a todas as amizades abençoadas por punk e skate.  

E por falar em som pancada… Pega a vibração da banda paulistana The Mönic em “Atear” – escuta em um streaming de qualidade para pegar a crocância hardcore certinha, no YouTube não rola. Formado pela guitarrista Ale Labelle, a também guitarrista Dani Buarque, a baixista Joan Bedin e o baterista Coiot, o grupo prepara o lançamento do álbum “Cuidado Você”. 

Se você é mais da reflexão e menos da pancadaria, recomendamos a viagem proposta pelo hoje trio instrumental paulistano Ema Stoned em seu novo disco, “Devaneio”. E foi como um bom álbum instrumental, lógico, que pinçamos a mais densa e longa brisa do trabalho, a faixa “Vale Da Lua”, com seus bons 11 minutos. Um bilhete para um passeio que não exige locomoção física. 

Assim como voltamos a ouvir mais o Mateus, separamos um tempinho para voltar a “Mêike Rás Fân”, álbum lançado por Lirinha, famoso também pelo trampo com o pernambucano Cordel do Fogo Encantado. O conjunto de canções aqui é bem experimental, mais falado do que cantando, estudo levantado por Lirinha. “No Fim do Mundo” solta é uma das que pode te dar o tom para entender a vibe do álbum – trágica e lírica. 

Quando lançou seu último álbum, em 2022, João Donato apareceu no nosso Top 50, óbvio. Em uma apresentação ao vivo, fez questão de celebrar o feito com a plateia. Imagina, João. A gente que sorriu por aqui de ser lembrado pelo mestre no lugar sagrado que é o palco. Foi um gesto simples, mas de enorme carinho que nos marcou para sempre. Carinhoso, gentil, fino, elegante – né, Tulipa? Essa historinha é só uma das provas do quanto o homem estava na ativa, com sua música viva – música que ele sabia que tinha potencial de cura. Ninguém é o músico favorito de João Gilberto de graça. Esse foi e continuará sendo João Donato. Em uma nossa humilde seleção-homenagem de músicas suas, fiquemos com “Flor de Maracujá”, que marca sua linda parceria com Gal Costa; com “Ê Lalá Lay-Ê”, que dá o tom de seu balanço e doçura; e com “Órbita”, sua afirmação poética com o parceiro e produtor Ronaldo Evangelista. E muito obrigado por tudo.

11 – Luiza Lian – “Desabriga” (4)
12 – Ava Rocha – “Disfarce” (5)
13 – Terraplana – “Conversas – Ao Vivo” (6)
14 – Holger – “Vida Orgânica” (7)
15 – Zudizilla – “Tempo Ruim” com Don L (9)
16 – Terno Rei – “Mercado” (10)
17 –  Sain – “Aquelas Coisas Mais pra Frente” (11) 
18 – Letrux – “As Feras, Essas Queridas” (12)
19 – Garotas Suecas – “Gentrificação” (13)
20 – Wilson das Neves e Rodrigo Amarante – “O Que É Carnaval” (14)
21 – Jadsa e YMA – “Mete Dance” (15)
22 – ÀIYÉ – “OXUMARÉ (Viridiana Remix)” (16)
23 – Raffa Moreira – “Beleza Exótica” (com Matuê e Jay Kay) (17)
24 – Rico Dalasam – “Espero Ainda” (18)
25 – FBC – “Químico Amor” (19) 
26 – Troá! – “Que Pena” (20)
27 – Marcelo D2 – “Tempo de Opinião” (com Metá Metá) (21)
28 – Coruja BC1 – “Versão Brasileira” (com FEBEM e MC Luanna) (23)
29 – Luisão Pereira – “Licença” (com Luíza Nery) (25)
30 – dadá Joãozinho, Alceu e Bebé – “Cuidado!” (26)
31 – Xis – “Isnaipa” (27)
32 – Ítallo – “Tarde no Walkiria” (29)
33 – Clarice Falcão – “Chorar na Boate” (30)
34 – Ruadois – “Sprint” (31)
35 – Dj RaMeMes – “Vamo Fuder” (33)
36 – Zé Ibarra – “Vou Me Embora” (34)
37 – Rincon Sapiência – “XONA” (35)
38 – TUM – “DTF” (36)
39 – L’homme Statue – “Espírito Livre” (37)
40 –  ÀTTØØXXÁ – “Dejavú” (com Liniker) (38)
41 – Mahmundi – “Meu Amor – Reprise” (39)
42 – BIKE – “Além-Ambiente” (40)
43 – Majur – “Tudo ou Nada” (41)
44 – Jards Macalé e Maria Bethânia – “Mistérios do Nosso Amor” (42)
45 – Marina Sena – “Meu Paraíso Sou Eu” (43)  
46 – Julia Mestre – “do do u”  (45)
47 – Aláfia – “Cadê Meu Pai?” (46)
48 – Os Tincoãs – “Oiá Pepê Oia Bá”  (47)
49 – Iara Rennó – “Iemanjá” (48)
50 – Juliano Gauche – “Ondas Que Acordam” (49)



* Na vinheta do Top 50, o músico cearense Mateus Fazeno Rock.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

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