Top 50 da CENA – O amor e o belo single conduzem Papisa ao topo. Yoùn e Carlos do Complexo dançam em segundo. Tuyo se vê em terceiro

A semana traz uma série de músicas novas atentas às nuances. Nuances do amor, da fama e da independência na vida e na arte. Nem tudo é preto no branco e o cinza da vida não precisa ser necessariamente cinza – tem vermelhos, amarelos e azuis e outras infinitas cores. Que CENA é esta?!

Para divulgar sua nova música, a primeira desde a pandemia, cantora e multiinstrumentista Rita Oliva, a Papisa, escolheu citar o psicoterapeuta americano M. Scott Peck citado pela ativista feminina Bell Hooks em “Tudo sobre o Amor: Novas Perspectivas”. Tipo assim: “Nós não temos que amar. Escolhemos amar”. E esta “Melhor Assim”, música que representa a volta do especialíssimo projeto Papisa, é sobre essa escolha. Papisa aprofunda: “Ela vem de um lugar íntimo, mas comum, e trata de um tema que muito me intrigou nos últimos anos: o amor e seus desdobramentos”. Uma música direta e reta. Pode ser melhor. Ação. 

“Vamos para o jantar e depois festa.” O balanço dos primeiros momentos da parceria da dupla YOÙN com Carlos Complexo é um convite a uma belíssima noite a dois. As tais noites sem pressa, tão raras. Noites com músicas deliciosas, boa bebida, clima bom demais. Para noite assim fica a recomendação do novo álbum do YOÙN, “Únicórnio”. 

Saudades dos acústicos MTV? Mas daqueles acústicos reais mesmo, violão entregando a canção, nada exageradamente rebuscado. O Tuyo abraça o conceito clássico e entrega aqui um EP de duas canções inéditas e três releituras de uma época em que ainda nem se chamava Tuyo. A voz e violão parceiros de composições, noites e dias em quartos e parques inventando melodias. Bonito. 

Em seu novo trabalho, “Inocente ‘Demotape’ “, Djonga faz uma reflexão após a avalanche de sucesso dos últimos anos. Um movimento que em parte levantou o artista e em parte também incomodou muita gente, disposta a encontrar erros, destacar cada falha e tropeço. Do processo exaustivo do artista que precisa se colocar demais no mundo para ser ouvido nascem canções reflexivas e que expandem a sonoridade proposta pelo artista mineiro. Como ele mesmo destacou em suas redes, um disco que guarda sutilezas que talvez levem tempo para serem percebidas. 

Antigamente Junior era alvo de piadas no sentido de ser um sortudo que tem uma irmã talentosa, que carregaria nas costas a dupla. Nunca fez muito sentido a graça. Os fãs sabiam que ali era uma relação 50/50. Se alguém ainda tinha dúvidas, a estreia solo de Junior ainda dá margem para mais elaborações. Enquanto sua irmã se afastou muito do pop, este álbum “Solo (Vol.1)” dá a medida do papel de Junior na química da antiga dupla. 

Quantas músicas de “Me Chama de Gato Que Eu Sou Sua”, novo álbum de Ana Frango Elétrico, caberiam aqui em primeiro lugar? Todas é uma resposta justa, viu? Estamos apaixonados pelo disco. A cada audição uma coisa fica ressaltada. De vez em quando é a produção obcecada pelos detalhes e timbres – “Sei o que eu quero e sigo meu ouvido”, ela nos contou em um papo. Outra hora são as letras espertas – “Quis trazer minha subjetividade musical e visual, símbolos que pairam, sentimentos”. Sem ponta solta, esperem por Ana em todas as boas listas de discos do ano – até em listas internacionais, estamos achando. 

Artistas de diferentes trajetórias, Loreta Colucci, Claudia Dantas, Giu de Castro e Nathalie Alvim formam o grupo vocal Gole Seco. Projeto que nasceu em 2019 e ganhou os palcos em 2022, o Gole Seco agora lança seu primeiro álbum, repartido em dois EPs: “Lado A” e “Lado B”. Em “Lado B”, a música que dá nome ao grupo é o destaque por materializar uma das intenções do quarteto: quebrar o paradigma esperado em uma reunião de vozes femininas. “Ascendendo caminhos mais reais e múltiplos do comportamento humano”, elas escrevem.

O título da música não pode ser “Ausente” por acaso. Alguém lançou a piada no Instagram: “E o lançamento nunca me pareceu tão distante”. Pois, é. Das bandas instrumentais mais inventivas e queridas da cena, o quarteto formado por Lucas Theodoro, Luccas Villela, Luden Viana e Rafael Jonke Burit vinha de um relativo silêncio. Nadinha de música nova desde 2018. Mas o novo EP da banda, “Linguagem”, atualiza as coisas e traz para o público o que o EATNMPTD maturou no longo período de pausa criativa e também nas atividades, em especial pelo silêncio imposto pela pandemia. “Sem pressa para lançar ou agendas cheias de shows, pudemos olhar para as músicas de maneira que nem sempre foi possível”, cravou Luden. 

Dois vídeos muito bons entraram no ar (ou no Youtube, se você é menos romântico) nesta semana. Ampliando a divulgação de seus excelentes álbuns, ÀIYÉ e Letrux lembram a gente do quão foda são “Transes” e “Letrux como Mulher Girafa”. Além da memória musical, a expansão dos visuais e conceitos estéticos bem cuidados de ambas é apaixonante para variar. O lançamento quase simultâneo é coincidência demais. 

11 – TUM – “Rainha da Sumaré” (6) 
12 – Fabiana Cozza e Leci Brandão – “Dia de Glória” (7)
13 – Monna Brutal – “Esse Puto” (8) 
14 – Gab Ferreira – “Hustle” (9) 
15 – Jaloo – “Quero Te Ver Gozar” (10)
16 – RUBI & Shirts – “DM” (11)
17 – Mãeana – “Meditação” (12)
18 – MC Carol – “Só de Passagem” (13)
19 – Romulo Fróes e Rodrigo Campos – “Cidade Trovão” (14)
20 – Rodrigo Ogi – “Aleatoriamente” (15) 
21 – Assucena – “Reluzente” (16)
22 – MADRE – “CAOS”/TRANSE” (17)
23 – Tangolo Mangos – “Poca” (18)
24 – My Magical Glowing Lens – “Sobrevoar” (20)
25 – Apeles – “Magical/Rational” (21) 
26 – Viratempo – “Solar” (22)
27 – Alaíde Costa – “Ata-me” (23)
28 – Sophia Chablau e uma Enorme Perda de Tempo – “Quem Vai Apagar a Luz” (com Negro Leo) (24)
29 – Alzira E + Corte – “Filha da Mãe” (25)
30 – Inês É Morta – “Vida em Paranoia” (28)
31 – Don L – “Lili” (com Terra Preta e AltNiss) (31)
32 – Varanda – “Vontade” (32)
33 – dadá Joãozinho – “Pai e Mãe” (33)
34 – Karen Francis – “Linha do Tempo” (34)
35 – Clarice Falcão – “Podre” (35)
36 – Xande de Pilares – “Diamante Verdadeiro” (36) 
37 – DJ K – “Isso Não É um Teste” (37) 
38 – FBC – “O Que Te Faz Ir para Outro Planeta?” (38)
39 – Garotas Suecas – “Todo Dia É de Mudança” (39)
40 – Mateus Fazeno Rock – “Pode Ser Easy” (40) 
41 – Lirinha – “No Fim do Mundo” (41)
42 – Ava Rocha – “Disfarce” (42)
43 – Zudizilla – “Tempo Ruim” com Don L (43)
44 – Jadsa e YMA – “Mete Dance” (44)
45 – ÀIYÉ – “OXUMARÉ (Viridiana Remix)” (45)
46 – Rico Dalasam – “Espero Ainda” (46) 
47 – Troá! – “Que Pena” (47)
48 – Marcelo D2 – “Tempo de Opinião” (com Metá Metá) (48)
49 – Luisão Pereira – “Licença” (com Luíza Nery) (49)
50 – Dj RaMeMes – “Vamo Fuder” (50)



***
*  Na vinheta do Top 50, a cantora Papisa, em foto de Déborah Moreno.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

MITSKI – horizontal miolo página
MITSKI – inner fixed
Editora Terreno Estranho – inner fixed mobile