Top 50 da CENA – Oramos com Luiza Brina. Praticamos com O Grilo. E que prazer, Duda Beat! Este é o ranking!

Luiza Brina ensaiou ficar em primeiro há algum tempo. Agora chegou sua vez de reinar no topo com a lindíssima “Oração 2”. E mais nesta semana: novidades da conhecidíssima Céu, dos novinhos do d’O Grilo e da renovada Cátia de França com sua “Fênix”. A gente até abriu um espaço para conversar com a Duda Beat por achar que ela anda muito injustiçada. É isso.

Depois de deixar a gente arrepiado com a poderosa “Oração 18”, uma de suas muitas orações, Luiza Brina resgatou “Oração 2”, já lançada lá em 2017. Se a versão original era levada de maneira acústica com violão, percussão e sopros, a versão 2024 tanto respeita o arranjo original quanto dá uma acelerada leve na música e traz uma numerosa orquestra para dar um brilho extra. Além disso, a música agora é um dueto com participação especial da mexicana Silvana Estrada. A história de como a dupla se formou é curiosa. Luiza descobriu que elas se admiravam mutuamente em segredo. Quando Silvana colou no Brasil para tocar, foi o momento de papear e transformar admiração em boa amizade. “Prece”, quarto álbum da Luiza, sai no dia 30 de abril 

Somos fãs de músicas que têm diversos momentos, como se fossem quase diversas canções de tão diferentes que são algumas partes. E “Tudo Acontece Agora PT. 1”, novo álbum da turma d’O Grilo, é cheio desses momentos. Um dos exemplos é a bem-humorada “Manual Prático do Tédio”, uma ode à preguiça, ao deixar para depois. “Contar mentiras, meias verdades/ Reagendar os meus alarmes/ Não acordar”. Para que pressa? A solução é só uma questão de tempo.

Falar aqui, a gente ficou meio pensativo com a entrevista que a Duda Beat deu ao “G1”. Bateu na gente uma vontade de implorar para ela não se comparar tanto com outros nomes do pop nacional. Ela relata na entrevista que sente a pressão por números e tal e nossa dica é: desapega disso. Chega a dar arrepio ver artista falando em flop de música. Qué isso? Uma música não é menos legal ou importante porque menos gente ouviu. Você já faz a parte mais difícil que são as músicas boas – essas sim sempre em falta no panteão que bomba, convenhamos. Então, a gente fica na torcida para que a Duda sofra menos com esse falso espelho que são as redes sociais. Não é simples, mas essa é a nossa forma de dizer que estamos aqui pela música legal e pela música feita de coração. E, pô, “Tara e Tal”, novo álbum da Duda, é cheio desses momentos. E esta “q prazer”? Delícia de som. 

Com um pé nos EUA, exatamente onde começou sua carreira de certa forma, a cantora Céu foi para Los Angeles gravar seu afinal sexto álbum, “Novela”, que estava uma novela mas saiu nesta semana. Sambinha-MPB classe para gringo ver e brasileiro curtir, tipo essa “híbrida” canção que abre bem o disco, gravado todo ao vivo sob as mãos do produtor e músico brasileiro Pupilo com a mescla produtiva de Adrian Younge, multi-instrumentista e arranjador americano. Por enquanto vai aqui, mas sentimos que o álbum vai crescer em nossas mão

Em meio século de carreira, a paraibana Cátia de França foi acumulando um séquito de seguidores fiéis. Se não lançou tantos discos, nem apareceu tanto na mídia quanto contemporâneos seus como Elba Ramalho, Zé Ramalho e Xangai, ela teve o tempo e a curiosidade de gerações a seu favor, em especial pelo seu álbum “Vinte Palavras ao Redor do Sol”, o favorito de cada um que tem a sorte de descobrir essa joia do final dos anos 1970. Setentona agora é ela, e com fôlego de menina em seu novo trabalho, “No Rastro de Catarina”. Só ver a porrada psicodélica nordestina que é “Fênix”, que fala justamente de conseguir renascer em múltiplos sentidos, inclusive profissionalmente. Cátia, inclusive, dedica este som aos fãs que a redescobriram viram internet. “Quando estou em cima do palco e olho para vocês, jovens, muitos que nem eram nascidos em 1979, tenho uma sensação maravilhosa de realmente as coisas fazerem sentido como nunca antes”, anotou a cantora.

Unindo sonoridades com um toque de soul brasileiro oitentista que lembra coisas até de Tim Maia, com um toquezinho de samba também, Rodrigo Mancusi faz um gostoso som. Daquelas músicas quentes, até sem medo de ser um tiquinho brega na hora de se derramar na declaração apaixonada. Consequências dolorosas de noites boas. 

Vamos usar a imaginação, certo? Pensa que a Madonna e a turma do Pavement nasceram no Brasil e, mais do que isso, que o querido grupo indie é a banda de base da conhecida artista pop. Eles escutaram Caetano, Gil, Rita, o rock dos anos 80 e nossa cena alternativa e tudo mais. O som que eles fariam seria mais ou menos o que encontramos em “Amor Delírio”, novo álbum da Papisa. Parece viagem, mas é essa brisa ou delírio que o disco provoca na gente. Rita Oliva, a Papisa, achou aqui um mix poderoso do pop mais radiofônico que parece tocado por banda de garagem. Na soma, muita brasilidade, para usar o termo em voga. Escutando mil artistas da CENA, a gente pode dizer que nunca ouviu essa mistura tão bem acabada ou fresca – dá para dizer que Papisa encontrou um novo lugar. Quem gostou de sua estreia, o forte “Fenda”, de 2019, lançado em uma época estranha do Brasil e com tom mais soturno, talvez estranhe tanto colorido agora. Mas a gente garante: formou um belo contraste.

A turma mineira do Varanda, banda que conta com Amélia do Carmo, Bernardo Merhy, Mario Lorenzi e Augusto Vargas, está para gravar seu primeiro álbum – quem já viu o grupo pelas noites paulistanas sabe que vem coisa boa por aí. Este parzinho de músicas que lançaram agora como single, funcionam melhor juntas do que separado. E dão conta como prévia do que está vindo. Quem quiser acelerar as coisas pode ajudar o grupo comprando camisetas e outros mimos que vão financiar as gravações. Fortaleça a CENA.

Ninguém tira um som igual Jadsa e João Milet Meirelles, que formam o Taxidermia. Sempre soando alto e bem, a duplinha prepara o primeiro álbum do projeto que tocam em paralelos com suas carreiras solo, “Vera Cruz Island”. “Clarão Azul” é a track que abre os trabalho e que de acordo com eles guia o disco todo. “Clarão Azul estabelece o ambiente imagético que queremos trazer para nosso trabalho.” O som ainda tem a participação da sergipiana Tori.

Tem algo na voz da jovem Mirela Hazin que nos lembra da Mallu Magalhães naquela primeira fase dela no Myspace. Alguém estava por aqui nesta época? Só que se as referências de Mallu ali eram do passado – o folk de Dylan e o country de Cash. Mirela pira em artistas contemporâneas suas, como Billie Eilish e Olivia Rodrigo. O produtor Eutymio não é irmão de Mirela, mas faz um pouco o papel de Finneas. Ver uma foto dos dois produzindo tudo do quarto remete aos irmãos Eilish e entrega o tom íntimo que percorre o disco: “A maioria dessas músicas eu escrevi sem a certeza, mas apenas com a esperança de que outras pessoas, que não eu, pudessem ouvir e guardar para si da forma que bem entenderem”, anota Mirela, que é bom exemplar da cena de Recife, para variar.

11 – Inocentes – “São Paulo (Acústico)” (5)
12 – Bruno Berle – “Te Amar Eterno” (6)
13 – Fresno – “Quando o Pesadelo Acabar” (7)
14 – Pabllo Vittar – “Pra Te Esquecer” (8)
15 – Tuyo – “Devagar” (9)
16 – Irmãs de Pau – “Megatron” (10)
17 – FBC – “Atmosfera” – Ao Vivo (12)
17 – Sonhos Tomam Conta – “Uma Súplica” (13)
17 – Sabotage, Don L e Luedji Luna  – “Dama Tereza” (14)
20 – Tom Zé – “Jesus Floresta Amazônica” / ”Danilo Constelação” (15)
21 – Malu Maria – “A Língua Trava” (17)
22 – Haroldo Bontempo – “Risada (com João Donato)” (21)
23 – Tássia Reis – “Mais Que Refrão (com Rashid)” (22)
24 – Jota Ghetto – “Michael B. Jordan na Fila do CAT” (23)
25 – Deize Tigrona – “25 de Abril (com Boogarins)” (24)
26 – Jujuliete –  “Dominatrix” (25)
27 – Apeles – “In God’s Hands” (26)
28 – Jota.pê – “Quem é Juão” (27)
29 – Juçara Marçal e DJ Ramemes – “Ladra – Remix” (28)
30 – Amaro Freitas – “Viva Naná” (29)
31 – Sofia Freire – “Autofagia” (30)
32 – Carne Doce – “Cererê” (27)
33 – El Presidente – “Perigo no Sol (com Benke Ferraz)” (29)
34 – Kamau – “Documentário” (30)
35 – Josyara – “Ralé/Mimar Você” (31)
36 – BNegão – “Canto da Sereia” (32)
37 – Maria Maud – “02.02” (33)
38 – Madre – “Sirenes” (34)
39 – Guerra – “É Massa” (36)
40 – Raidol – “Imensidão” (37)
41 – Rodrigo Campos – “Gamei” (38)
42 – Chinaina – “Roubaram Minha Jóia” (42)
43 – Dead Fish – “11 de Setembro” (43)
44 – Vandal – Violah (44)
45 – Clara Bicho – “Luzes da Cidade” (45)
46 – Parteum – “’12 6 10” (46)
47 – Psirico – “Música do Carnaval” (47)
48 – GRIYÖ – “Afropenobeat” (48)
49 – Rico Dalasam – “Jovinho” (49)
50 – Ogoin & Linguini – “Quando Tudo Começou” (50)

***
* Entre parênteses está a colocação da música na semana anterior. Ou aviso de nova entrada no Top 50.
** Na vinheta do Top 50, a cantora Luiza Brina.
*** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

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