Wolf Alice reaparece com “The Clearing”, como se estivesse liderando o novo indie da década de 1970. Disco do ano?

Wolf Alice reaparece com “The Clearing”, como se estivesse liderando o novo indie da década de 1970. Disco do ano? Foto: divulgação

Poucas bandas britânicas da última década conseguiram causar tanto impacto quanto o Wolf Alice. Do indie tímido do início de carreira às composições cheias de atmosfera em “Visions of a Life” e por último “Blue Weekend”, o quarteto de Londres sempre foi celebrado por sua habilidade de transitar entre o etéreo e o visceral, entre o rock bagaceiro e o sofisticado. Hoje, eles lançaram um novo disco de estúdio, “The Clearing”, mostrando que estão prontos para botar os pezinhos em um novo patamar.

Depois do maior hiato de sua trajetória, a incrível Ellie Rowsell e companhia retornam com uma sonoridade que rompe de vez com o clima nebuloso dos discos anteriores. Produzido pelo bombado Greg Kurstin, o trabalho é um mergulho ousado em uma estética grandiosa que remete ao rock e ao pop dos anos 1970. O single “Bloom Baby Bloom” já havia dado o recado e sua intensidade passa pelas outras 10 faixas do álbum, equilibrando força e ternura que vão do rockinho de arena até momentos mais intimistas, como eles sabem fazer bem.

As referências clássicas permeiam o disco sem transformá-lo em algo rebuscado. Há ecos de Kate Bush, Joni Mitchell e o Fleetwood Mac da fase 2.0 do meio dos anos 70. Mas, mais do que revisitar o passado, “The Clearing” soa moderno, mesmo que parece ter saído de uma fita gravada em 1975.

Essa ousadia sonora ganha confiança na consistência que a banda vem ganhando nos últimos anos. Isso dá para perceber até nos shows da turnê atual, que tem a Ellie mais soltinha no palco. Ou, como ela disse numa entrevista há algum tempo, sem se esconder atrás de uma guitarra o tempo todo.

“The Clearing” é o primeiro registro do Wolf Alice em quatro anos e chega como um marco na trajetória do grupo. Tanto que o projeto vai levar o Wolf Alice para sua primeira turnê em grandes arenas do Reino Unido no final do ano, além de uma série de shows na América do Norte, um novo território a ser explorado pelos ingleses. 

É tipo um recomeço e, ao mesmo tempo, um ponto de chegada. Mas mostra, acima de tudo, que o Wolf Alice está assumindo um papel que poucas bandas têm coragem: não ter medo de crescer.

Muita atenção para “Thorns”, a faixa de abertura, uma das melhores músicas do ano. “Passenger Seat” muito boa também. “White Horses”, idem.

Aliás, “The Clearing”, disco do ano? 

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