Aldo The Band se transforma em “Aldo What a Band”

Aldo The Band se transforma em “Aldo What a Band” Foto: divulgação

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* Até que enfim, é lançado hoje o segundo disco do grupo paulistano Aldo, ou Aldo The Band, a banda formada pelos talentosos André Faria e Murilo Faria, entrosadíssimos irmãos da linha “sibling rivary”-que-se-completam intelectual e musicalmente e não raro se apresentam na forma de Aldo DJs.

A poliforme empreitada musical dos Farias Bros, das melhores do indie nacional desta década de qualquer jeito que se olhe, vai bem mais longe. Eles dominam todo o processo.

Começando do começo, esses brothers com química cresceram absurdamente do marco zero do projeto Aldo, em 2012, quando resolveram montar a banda dando o nome dela ao tio ex-doidão que hoje é evangélico.

A honraria familiar é mais que uma brincadeira de dentro de casa. Foi graças ao tio Aldo e seus rolês na Augusta mostrando “a vida real” a dois menininhos quanto aos LPs de rock psicodélico e música brasileira que forneceu aos sobrinhos que hoje o Aldo é o Aldo.

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Murilo e André (os do meio na foto acima) fizeram o primeiro disco, o excelente “Aldo Is Love”, sozinhos, sem apoio de ninguém, forjaram um quarteto com outros músicos incríveis da música independente da cidade para ganhar corpo ao vivo, passaram a tocar em festivais do país todo, em festas de moda. O Aldo pegou. Mas daí precisavam fazer o segundo disco bom, o disco do firmamento, o “second come”, o teste para ver se a banda vai além da empatia do primeiro disco.

“Giant Flea”, que aparece hoje à venda no iTunes, ganhou algumas cópias naquele formato morto chamado CD para serem vendidas em show apenas e sai em vinil em algum belo dia deste final de ano, é mais que o bom necessário para a banda se firmar (se já não tivesse bem firme).

O grau de evolução do segundo álbum é impressionante. Se o primeiro era espartano, a quatro mãos, esse tem selo pomposo, produtores pomposos, uma ficha técnica de uns 15 atributos e umas 20 linhas de gente assinando tarefas específicas. Mas isso não significa que os poliformes irmãos Faria simplesmente entregaram o Aldo para o selo ou para o famoso Dudu Marote botar suas competentes mãos produtoras. Como se não bastassem as letras, composições, arranjos, André e Murilo têm crédito também como “engenheiros de gravação”, além de participarem ativamente na produção geral e mixagem.

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Se “Aldo Is Love” era mais LCD Soundsystem do que !!!, a visceral vocação dance desse “Giant Flea” inverte a fórmula e carrega mais na característica própria e latente que ergue o Aldo: o equilíbrio perfeito das roqueirices de André com o incrível talento eletrônico de Murilo. O resultado é um disco moderno até a medula, com uma meia dúzia de canções que caberiam fácil em bombados discos atuais de nomes estabelecidos, como, para ficar num exemplo, no novo do Chemical Brothers.

Fora os singles conhecidos, ótimos em seus detalhes e já algum tempo presentes em boas festas da noite paulistana, digo sob meu ponto de vista, é inacreditável saírem músicas tão ricas e completas como “Back to the Tunnel”, “Primate” e “Good Morning Pumpkin” num mesmo disco de uma banda indie paulistana, vistas por qualquer lado: da sedução roqueira ou da energia eletrônica. A brilhante “Primate” começa LCD Soundsystem e termina, sei lá, Nirvana on acid?

Com “Giant Flea”, dá para dizer sem medo de errar. Aldo is a real person and Aldo The Band is a real band.

Será que demora muito ainda para o terceiro disco?

* O Aldo toca amanhã no Cine Joia, em São Paulo, no evento cuja atração principal é a banda nova-iorquina Clap Your Hands Say Yeah tocando sua história, mais a primorosa discotecagem da dupla Selvagem, tudo completado pelos representativos sons do trio Funhell e de Fernanda Cardoso.

Sem pensar em envolvimentos mais específicos, eu diria que é uma das baladas do ano. Estou errado?
Ouça “Giant Flea” todinho aí embaixo e me diz:

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