CENA – Fomos ao “show” da banda da Sophia Chablau que mantém a cena viva

Desde o lançamento de seu disco homônimo em 2020, a banda paulistana Sophia Chablau e uma Enorme Perda de Tempo mostrou que eles são tudo menos uma perda de tempo. O quarteto cresceu de forma orgânica na CENA de São Paulo, e aos poucos está ganhando tração nacional.

E este último fim de semana, estivemos conferindo, foi muito importante para a banda: rolou um recomeço e um final. 

Há um mês eles começaram a divulgar um evento secreto, no dia 1/7, em São Paulo. Sem grandes informações, a divulgação foi apenas uma data. Em paralelo, a banda também anunciou o último show de seu primeiro disco, dia 2/7, ontem, no Sesc Belenzinho, também em São Paulo. 

Com pouco mais de uma semana para o evento secreto, a banda liberou o endereço, horário e um formulário para inscrições com instruções muito específicas: proibido gravar, fotografar ou filmar o “rolê”. Em menos de 24h e com mais de 200 inscrições, a banda já estava reforçando os horários e que o local, um galpão sem nome na Barra Funda onde funcionava uma fábrica, estava sujeito à lotação, aquele lembrete bom para todo paulistano. 

Mas o que teria de diferente neste evento?

Pois bem, fomos lá para descobrir. Os 200 e tantos aglomerados naquele galpão puderam ouvir uma primeira versão do segundo disco da Sophia Chablau e uma Enorme Perda de Tempo, ainda sem data de lançamento definida.

Aí você me fala: “Tudo isso só para uma audição?” Olha, audições são momentos bacanas em que o artista mostra seu novo trabalho pela primeira vez, como se fosse um teste, e geralmente para a imprensa e colegas.

Este evento em especial foi feito pensando nos fãs. Uma banda indie pequena com a confiança de compartilhar uma primeira versão de um disco novo com seu público. E, claro, aproveitar para gravar todas as suas reações de sua galera para tirar disso vários caldos.

Desde a fila, (sim, até pouco tempo antes do início tinha uma fila para entrar no galpão), a galera estava sendo gravada. Lá dentro, quando foi anunciado que o evento não seria um show, e sim a audição do disco, a audiência foi instigada a reagir o máximo possível.

E, na hora do play, o público foi além das instruções. Assistir dezenas de jovens de 20 e poucos anos colidirem uns contra os outros em reação a músicas que nunca haviam ouvido antes como se fosse a própria banda tocando em frente deles foi uma experiência e tanto.

De cara é possível identificar exatamente quais foram os pontos de crescimento da banda, tanto em termos de composições quanto em produção musical, e quais elementos permanecem do disco anterior, com destaque para aquela desconstrução proposital.

Mas o objetivo aqui não é dar spoilers do disco. Talvez o máximo que é interessante falar é que quem foi aos shows da banda no último ano já está familiarizado com algumas das faixas que estarão no disco. 

O que levamos de mais relevante desta experiência é a importância do diálogo de construção com a galera, que entre números no Spotify e grandes shows de festivais fica um pouco perdida. São esses fãs que aparecem num galpão, sábado à tarde, só porque a banda armou um evento sem informação nenhuma, que fazem a diferença no longo prazo.

O que Sophia Chablau e uma Enorme Perda de Tempo mostrou é que é possível construir um público fiel com muita sinceridade e conexão, seja ele do tamanho que for.

E o mais feliz mesmo, no caso de um evento como esse da turma da Sophia Chablau, é continuar notando que o rock, rock de garagem, rock com letras absurdas e microfonias como propósito e de propósito, segue vivão e fortíssimo para uma geração que está só começando. “Contrariando as estatísticas”, como diria Mano Brown. 

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