CENA – Os reféns do celular e a geração Ibuprofeno. Apeles analisa a galera de hoje em lindo novo single (e vídeo)

CENA – Os reféns do celular e a geração Ibuprofeno. Apeles analisa a galera de hoje em lindo novo single (e vídeo) Foto: divulgação

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1 - cenatopo19

* Num ano de discos tão bons, era difícil não sair o dele. Vem aí o segundo álbum do Apeles, projeto solo cinemático do talentoso e caprichoso Eduardo Praça, ex-vocalista do Quarto Negro e guitarrista da brilhante Ludovic. Se chama “Crux” e é contaminadíssimo pelo caráter nômade de Eduardo, que pode ser visto tanto em Itaquera, em São Paulo, quanto numa base soviética desativada de Berlim, na Alemanha. Ou em Portugal, Buenos Aires. Em todos os lugares e nenhum. Assim é a música do Apeles. Porque, onde quer que ele esteja, ele só encontra a alegria do dia no calor de uns braços.

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“A Alegria dos Dias Dorme no Calor dos Teus Braços”, primeiro single a ser arrancado de “Crux”, veio ontem à noite à tona. O disco, em si, sai em agosto pela Balaclava Records, tudo a ver. A música traz junto um vídeo bonitão gravado em São Paulo e Berlim. A parte alemã foi filmada no complexo “Vogelsang”, antiga base soviética na principal cidade do mundo lá pela década de 1940, para o bem e para o mal. Tem direção e roteiro de André Dip e produção de Izabel Menezes, também autora da capa do single.

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A canção é um devaneio crítico sobre os esquisitos dias de hoje, as relações reais e virtuais em tempos modernos e a tecnologia sendo usada para autoexposição de uma forma descontrol. E o resultado (ruim) disso. Um resultado “dance” disso, por mais fora do lugar que possa parecer.

Vem do artista a definição direta de “A Alegria dos Dias Dorme no Calor dos Teus Braços”: “Um reflexo sobre a geração que vivemos, tentando sobreviver à telas de celular e comprimidos diante de relacionamentos platônicos da vida moderna”.

“A música surgiu para mim no Carnaval de 2017, por mais irônica que seja. Estava em casa e compus a melodia no piano. Inicialmente era um tema mais calmo e melancólico, cheguei a tocar ao vivo algumas vezes no piano mas sentia que precisava de mais movimento. Já em Berlim comecei a demo dela e logo com um beat a música se transformou. Um ano depois quando comecei a gravar em estúdio ela já era uma mistura de disco music com algum tipo de crooner. Há quem diga que é uma mistura de Gigi Dagostino com Leonard Cohen, ou seja, dark disco”, conta à Popload o Eduardo Praças, a carne e o osso do Apeles.

“A vida é um espelho/ Tua Auto estima é um veneno. A geração ibuprofeno,/ refém de um aparelho.
E é uma amarra irreversível, meu bem./ Culpa de um amor carnal./ Gosto desse vai e vem./ Teu toque me levanta ao céu.”

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* As fotos classe usadas neste post, aqui e na home, são de Rodrigo Bueno.

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