Iggor e Max Cavalera como "dupla White Stripes". Produzida por James Murphy

Iggor e Max Cavalera como "dupla White Stripes". Produzida por James Murphy Foto: divulgação

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* Exclusivo mundial. Hehe.

A revista cool mensal que sai encartada na Folha de S.Paulo de domingo, a “Serafina”, publicou ontem texto meu sobre a nova fase da vida do ex-mito do metal internacional Iggor Cavalera, considerado um dos maiores bateristas da história graças a sua marcante atuação até 2006 no Sepultura. Iggor acaba de se mudar com mulher e um dos filhos para Londres, para uma espécie de “início de carreira” aos 42 anos. Na Inglaterra, ele pretende bombar sua fase eletrônica, a banda Mixhell, que lançou o primeiro álbum recentemente, o surpreendente “Spaces”.

Mas Iggor disse que o Mixhell não será o único projeto seu a ser trabalhado na vida longe do Brasil. E muito menos o metal será definitivamente sepultado (hum…) de sua vida. O baterista, longe do Sepultura desde 2006, vai se dedicar também ao projeto que tem com o irmão, Max, o Cavalera Conspiracy. Mas aqui a coisa promete ser mais bombástica ainda.

Iggor afirmou que pretende gravar um novo EP até o final do ano em Nova York sob a tutela do midas da música pop atual, o hoje produtor e sempre gênio James Murphy, dono da DFA Records, ex-LCD Soundsystem e responsável pelo disco novo do Arcade Fire, entre outros inúmeros serviços prestados ao rock-eletrônico-pop-disco-punk.

O Cavalera vai falar melhor, no texto abaixo. Mas basicamente James Murphy o procurou dizendo que quer transformar o Cavalera Conspiracy numa dupla só com Iggor e Max. Demitindo os outros integrantes. Fazendo uma espécie de guitarra-bateria whitestripiana sem botar muitos efeitos de estúdio. Max & Iggor nus e crus. “Murphy disse que nos promete o álbum mais pesado de nossa carreira”, revelou o Cavalera do Mixhell.

Não sei você, mas eu considero essa notícia explosiva para o metal e para o rock em geral. Max e Iggor numa espécie de pré-Sepultura num mundo pós-Sepultura, com o nome do James Murphy envolvido. Caceta.

Confira, abaixo, uma edição sem cortes do que saiu ontem na “Serafina”, da “Folha”. As fotos de Iggor esvaziando o apartamento de São Paulo para ir de mala, cuia e bateria são de Candice Japiassu.

“Folha de São Paulo”, revista “Serafina”
De mudança (de novo)
Iggor Cavalera, o baterista que virou DJ, vai embora do Brasil para trabalhar em duas bandas “de família”: o eletrônico Mixhell, com a mulher, e uma velha-nova banda de metal com o irmão, Max.
Por Lúcio Ribeiro. Foto Candice Japiassu

Coloque-se no lugar de Iggor Cavalera. Ali por 2006, 2007, depois de passar mais de 20 anos tocando na banda brasileira mais famosa internacionalmente de todos os tempos e ser considerado um dos bateristas mais poderosos da história do rock, ele queria descansar.

Ficar longe do showbiz, deixar de viajar tanto, curtir o novo casamento, acompanhar o começo de vida do filho mais novo recém-nascido, reatar a relação destruída por brigas com o irmão, ter mais tempo para ir a jogos do Palmeiras.

Voltar a ser uma pessoa comum que quase nunca foi, desde que ele e o irmão Max fundaram num apartamento de Belo Horizonte, no comecinho dos anos 80, a banda ícone mundial do thrash metal, death metal ou simplesmente heavy metal Sepultura, 20 milhões de discos vendidos. Iggor na época era Igor e tinha 13 anos. Max, 14.

Aí, nesse período pacato, já fora da banda, convidam para atacar de DJ o cara que durante anos atacou baterias como um lutador de MMA.

Seria uma aventura em uma noite de rock inofensiva em um clube de eletrônica em São Paulo. Ele aceitou. Porém, desavisado, levou só discos de hip hop mexicano. Foi xingado. Mas gostou do poder de “controlar uma pista”.

Dessa noite de 2006 até agora, é possível traçar em duas frentes a seguinte trajetória da vida de Iggor Cavalera, 42, depois da tentativa de sossegar um pouco com música:

1. Dupla de DJ, junto com a mulher, Laima Leyton, 36, batizada de projeto eletrônico Mixhell. Formação da banda rocktrônica de mesmo nome, Mixhell, cujo primeiro album, XX, acaba de ser lançado. Mudança com o trio (ele, a mulher e o baixista e produtor Max Blum) mais o filho caçula para Londres. Em seguida, shows no Glastonbury, Bestival, Rússia, Barcelona e turnê européia e americana.

2. Reconciliação com o irmão e formação de nova banda juntos, a Cavalera Conspiracy. Um plano ousado: transformar a nova banda em uma dupla tipo White Stripes, ele na bateria, Max na guitarra e vocal. Tudo produzido por James Murphy, ex-LCD Soundsystem, dono do importante selo nova-iorquino DFA e produtor do disco novo do Arcade Fire, entre outras centenas de coisas.

Iggor Cavalera sentou com Serafina em um café de São Paulo quatro dias antes de se mudar de vez para Londres, cinco dias antes de viajar para o norte da Inglaterra para participar de um festival gigante com o Mixhell, alguns meses antes de reescrever a história do metal com o novo Cavalera Conspiracy. E conta como sua vida pode ficar duas vezes mais agitada do que era quando optou, sete anos atrás, por “dar uma descansada de tudo”.

“É uma história parecida com o que eu passei com o Sepultura em 1988, 1989. A gente adorava viver aqui no Brasil, viajar para fora para tocar, voltar. Ir e voltar. Mas chegou uma hora em que esse “ir e voltar” ficou inviável. Porque a gente começava a ficar mais lá do que aqui, pagando uma estrutura de vida no Brasil e com todos os negócios, de agência até shows e gravações, tudo fora. Então fomos embora”, explicou Iggor os motivos de estar sendo “empurrado” novamente para a vida de rock star. Ou electronic star.

“Com o Mixhell está acontecendo a mesma coisa. Estamos vendo que há uma procura gigantesca lá fora pelo que a gente está fazendo, e no Brasil as coisas estão meio devagar. Pensamos ser melhor consolidar o Mixhell como banda lá fora para depois voltar ao Brasil. Como fizemos com o Sepultura”, disse.

“No mercado inglês e americano, tem muitos compromissos bons que acontecem quando você lança um disco, mas fica difícil de aceitar se você está tão longe de lá. Fomos convidados para tocar na loja de discos Rough Trade, de Londres, que é excelente para promover o álbum, gera um network incrível. Mas não dá para sair do Brasil só para isso, se essa ação não estiver atrelada a uma turnê nossa por lá.”

A passagem é de ida, sem volta determinada. Que pode ser “sem volta ponto”. Num primeiro momento, Iggor e Layton vão levar o caçula Antônio, único filho dos dois. Mas conversaram com os “agregados” (três só dele, um só dela), que estão em escolas aqui, e todos querem ir para a Inglaterra depois, se juntar aos pais. “Pode ser que viveremos lá por um bom tempo”, fala.

Mas é o projeto paralelo Cavalera Conspiracy, mais que o titular Mixhell, que pode levar mesmo a vida de Iggor Cavalera a ficar bem longe daquele descanso sonhado do começo do texto. Uma banda só ele e Max, na real uma dupla, com a chancela de James Murphy, pode ser tudo o que o metal esteja precisando hoje.

Iggor vai contando a história aos poucos, até chegar lá. Fala, Iggor.

“O CC sempre foi um projeto estranho. A banda tem suas regras: a gente nunca ensaia nem para show nem para disco. Meu irmão lá de Phoenix, nos EUA, manda umas bases por correio (ele não usa computador, email…), eu acrescento uns beats e devolvo. De vez em quando nos encontramos e fazemos um período de show, na América do Sul, Austrália, Japão… Foi assim com os dois discos lançados.”

“A ideia agora é gravar um EP em breve. Eu fui procurado pelo James Murphy para isso, mas ele quer só eu e meu irmão no estúdio. E no palco. Mais ninguém. É para a gente se livrar dos outros caras. Tocar apenas eu e meu irmão, só quando a gente estava aprendendo a tocar, no quarto da nossa casa, eu com uns pedaços de bateria, meu irmão com uma guitarra.”

“O Max está numa pilha incrível. Há algum tempo ele precisou entrar em um rehab, por causa de remédios. Agora, “clean”, ele compensa a ansiedade trabalhando. Chega a fazer até 28 shows por mês com o Soulfly, a banda dele. E está louco para gravarmos com o Cavalera.”

“Essa nova fase do Cavalera Conspiracy vai ser a volta minha e do meu irmão para o quarto de casa, 30 anos depois.”

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Postado por Lucio Ribeiro   dia 30/09/2013
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