Os 40 anos do monstruoso clássico “The Killing Moon”, da banda Echo & The Bunnymen

No sábado de manhã, alguém escreveu no X que “The Killing Moon”, a música mais famosa da banda inglesa Echo & the Bunnymen, estava completando 40 anos. Um clássico instantâneo, reconhecido como tal pouco tempo depois de seu lançamento, em 20 de janeiro de 1984, naquele contexto em que a garotada inglesa estava juntando os cacos da revolução punk, formando bandas inesquecíveis com hits idem e formando o que a gente entenderia mais tarde como musica independente.

No meio disso veio “The Killing Moon”, o principal single do fantástico álbum “Ocean Rain”, que sobrevive ainda hoje ilesa ao teste do tempo – basta colocá-la para tocar e constatar.

O que faz com que uma música seja tão boa?

No caso de “The Killing Moon”, é difícil explicar. Talvez comece na bateria, que, com o violoncelo, prepara o cenário para as cordas e para o vocal. Quando o vocalista Ian McCulloch entra e diz “Under blue moon I saw you, so soon you’ll take me”, já estamos envoltos pela magia. Se a letra não é enorme, a interpretação faz com que ela cresça.

O solo de guitarra tem a medida exata para a música, sem ofuscar a letra, os vocais ou o resto dos arranjos. Will Sergeant já disse que o bandolim foi inspirado em sons que ele e o baixista Les Pattinson ouviram em uma viagem a São Petersburgo e Kazan, então na União Soviética. A bateria de Pete DeFreitas bebe em outra fonte: “Take Five”, clássico do quarteto de Dave Brubeck. 

Somando tudo isso, o resultado é uma balada de outro mundo, 

Ian McCulloch disse ao jornal britânico “The Guardian”, certa vez, que “The Killing Moon” é “um salmo tudo, do nascimento até a morte, a eternidade e Deus, e a eterna batalha entre o destino e o desejo humano”.

Tentando resumir, até que ponto o que acontece em nossas vidas, desejado ou não, é inevitável? Essa parece ser a questão central e metafísica da letra – que Ian McCulloch credita a metade a Deus.

Entre o mundano e o sagrado e, como diz um verso, “through the thick and thin” (“em quaisquer circunstâncias”), o hino “The Killing Moon” é essencial.

Não?

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* Texto do poploader Eduardo Palandi, direto da Budapeste, na Hungria, 5 graus negativos e depois de beber cerveja holandesa comprada em uma promo de três garrafas num preço perto de 25 reais convertidos, que trazia no pacote um copo especial, em forma de cálice. “The Killing Moon” assim fica ainda mais especial.

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