Sabe as Lambrini Girls? Como não? Então “boas-vindas” a elas (principalmente se você não for homem e ter uma banda)

No final de maio foi lançado no Reino Unido o EP “You’re Welcome”, disco de estreia do trio feminino e loiro Lambrini Girls, de Brighton, Inglaterra.

A capa é um cocô desses parecidos com o emoji famoso, mas em chamas. A faixa de abertura se chama “Boys in the Band” um termo musical até famoso, mas só que no som das Lambrini Girls significa jogar um punk pesado e destruidor numa letra sobre os privilégios que os seres masculinos têm na música, em detrimento das mulheres.

“Give a big hand / For the boys in the band/ Who can do everything better than me / An overnight success, just from banging on their chest”, grita a vocalista Phoebe Lunny no começo da canção.

Se o pós-punk inglês ainda faz sentido, o faz por causa de pequenas bandas como as Lambrini.

“Imagine sua babá no porta-malas de seu carro com um croissant na boca e ouvindo Bikini Kill pela primeira vez. Ela poderia ser você. Nunca vai ser nós, porque não somos Bikini Kill e não somos sua babá. Nós somos as Lambrini Girls. Bom apetite!” é o trecho de apresentação delas no Bandcamp.

Sobre o som, é isso mesmo: punk desgraceira como se todas fossem primas inglesas da explosiva loirinha australiana Amy Taylor, do Amyl and the Sniffers. Com essa bênção nominal à suprema banda punk feminista americana Bikini Kill, de Kathleen Hanna, amiga do Kurt Cobain e contemporânea do Nirvana. Não sei se a coisa é uma homenagem, mas elas costumam se apresentar ao vivo de biquíni.

A Lambrini Girls foi formada na pandemia, porque as meninas não tinham muito o que fazer em Brighton no lockdown, a não ser uma banda mesmo. As donas da banda na verdade são uma dupla, a já citada Phoebe Lunny, vocalista e guitarrista, e a parceira e baixista Lilly Macieira, com esse sobrenome português.

A baterista original e amiga delas, Catt Jack, teve umas questões escolares e deixou a banda depois que o EP foi gravado. Agora elas usam umas bateristas emprestadas, mascaradas, enquanto não definem que vai assumir o lugar de Jack.

Tem ainda a ótima história que Phoebe, há dois anos, subiu bebaça de vinho ao palco de um clubinho de Brighton no primeiro show a valer delas na cidade. Era a época do distanciamento social e na plateia estava lá sua mãe, em destaque visual para ela de cima do palco. Mas ela não estava conseguindo enxergar um palmo diante do nariz, por causa do vinho.

Numa hora ali da apresentação chegou o momento de elas tocarem um dos hits entre seus amigos, a música “Help Me I’m Gay”, um dos destaques do EP lançado agora em maio. Nessas Phoebe lembrou que ainda não tinha avisado a família que na real ela gostava de meninas.

“Eu estava bem louca, encharcada no álcool e sem saber exatamente o que eu tava fazendo”, ela lembrou em entrevista à “NME”. “Subi no palco e gritei ‘Cadê minha mãe?’. Quando a achei emendei: ‘Mãe, eu sou gay’. Ela não pareceu dar a mínima, porque ela é uma pessoa normal. Então nos tocamos a música e foi um absurdo de bom.”

Então é isso. Achamos que você devia saber sobre as Lambrini Girls. Acho que vamos frequentá-las bem neste futuro próximo. Será que somos bem-vindos

MITSKI – horizontal miolo página
MITSKI – inner fixed
INTERPOL – inner fixed mobile