Top 10 Gringo – Big Joanie traz o punk ao topo. Tom Skinner emplaca o segundo. E olha quem está em terceiro…

Nesta semana gastamos uma tinta, hein? Cada música inspirada que apareceu que ainda bem que nem começamos a rascunhar a lista de melhores do ano. Com certeza teríamos que apagar uns nomes, fazer substituições e tal. Semana quente para os gringos. Nossa playlist comprova.  

O trio feminino de punk rock londrino formado por Stephanie Phillips, Estella Adeyeri e Chardine Taylor-Stone está de volta. “Back Home” é o segundo álbum da banda e amplia os horizontes sonoros do grupo, com a adição de mais sonoridades, escapando um pouco do conjunto básico guitarra-baixo-bateria – trio que elas inclusive fazem questão de alinhar no palco, escapando do formato que deixa bateristas no fundo do palco. Ainda há muita distorção e uma produção cuidadosamente lo-fi, mas como pontua Phillips em uma entrevista para o jornal inglês Guardian: “Punk rock é liberdade”. E é essa liberdade que guia as letras e a sonoridade delas, escapando de uma tendência do rock atual de chamar atenção apelando para o volume ou pressão do som. Com Big Joanie, quem fala alto são as canções.

Conhece o Tom Skinner? Talvez você já tenha escutado a banda de jazz dele, o Sons of Kemet. Ou sacado o The Smile, projeto dele com um tal de Thom Yorke e um sujeito chamado Jonny Greenwood. Ele também já fez uns discos solos com o nome Hello Skinny. Agora finalmente ele lança um álbum solo com seu nome real, o que deve facilitar algum reconhecimento imediato. “Voices of Bishara” nasceu de um processo muito interessante. Com alguns amigos, Tom se apresentou em Londres em um formato onde eles escutavam um disco clássico de jazz (no caso, “Life Time”, de Tom Williams) e na sequência improvisavam a partir da escuta. O método inspirou a escrita de uma série de músicas que foram gravadas do jeito mais tradicional: todos os músicos na mesma sala. Com esse material em mão, Tom foi editar com calma e sem medo de tesourar tudo e remontar as ideias todas em um trabalho de recomposição. Ficou impressionante.

Das bandas mais comentadas do recente Primavera Sound São Paulo, a japonesa formada por Mana, Kana, Yuuki e Yuna conquistou corações e foi conquistada – só ver o sorriso das meninas no encontro com a nossa Lovefoxxx. Na despedida do país, elas mandaram um tweet avisando que voltam em breve e se declararam: “Eu amo todos vocês”. Quem não viu o show dá o play nas músicas – pop de primeiríssima qualidade. Esta aqui é uma delícia.

A sacada de mestre do DJ inglês Fred Gibson de encontrar na vida real as vozes que fazem parte de suas criações eletrônicas continua inspiradora na terceira edição de sua trilogia “Actual Life”. A gente se pega pensando como ele faz tudo que é tão casual soar tão bem escrito. É um jeito de se encarar a vida esse rico processo de construção do cotidiano.

Nem sempre a gente pega os fenômenos de primeira – e isso acontece com a indústria toda. É o caso da excelente californiana de ascendência chinesa mxmtoon. Seu álbum “Rising” já tem alguns meses e o single “Mona Lisa” começa a ter aquele número de plays que indica um sleep hit – aquele sucesso que não chega imediatamente na parada, mas vai pegando geral aos poucos. Tanto que ela só foi apresentar “Mona Lisa” na televisão norte-americana agora. É questão de tempo para bombar muito. 

A história de “Baby Queen” é muito inusitada. Em 1997, a princesa da Tailândia, na época com uns 14 anos, foi a um show do Blur com trono e tudo, ficou perto do palco e deu um stage dive na empolgação de “Song 2”. Anos depois, essa personagem inusitada da história do Blur retornou em um sonho de Damon Albarn, que fez render uma inspirada canção do Gorillaz – que anda em excelente forma, diga-se, em seus singles recentes. 

Em seu álbum “Palomino”, o duo sueco formado pelas irmãs Johanna e Klara Söderberg está bem diferente. Sai um certo bucolismo e entra uma sonoridade energética e solar. Uma ideia que casa bem com o objetivo que a dupla descreveu como meta para o álbum: fazer uma experiência divertida e que levasse elas para frente. “Wild Horses II” dois mostra isso ao descrever um delicioso diálogo de casal sobre músicas favoritas. A pretensão não é ter uma “Wild Horses”, dos Stones, para chamar de sua, como quando o U2 tentou fazer uma continuação de “God”, de John Lennon. A ideia aqui é mais fazer um elogio às canções apaixonantes de uma forma igualmente apaixonante. 

Quasi Qui é um duo que tem um papo meio retrofuturista. É como se eles soubessem todos os segredos da música pop e fossem atrás de reimaginar e reconstruir tudo. O resultado são músicas que te pegam de primeira de tão incríveis e que te incomodam com uma clássica questão: “Eu já ouvi isso antes?”. Essa “City Mashups” é uma que a gente fica o tempo todo tentando lembrar qual outra música se parece. Seja a pegada Daft Punk com guitarra, meio som de um fliperama, seja pelo jeito não muito original que os versos e o refrão são cantados. É um incômodo interessante. 

Quando comentamos o novo álbum da Taylor Swift aqui no top 10 nossa única reclamação era uma impressão de que o produtor Jack Antonoff teria pesado um tanto a mão na produça – o que deixou o disco da Taylor meio que com o mesmo gosto de tantos outros trabalhos de Jack. Um detalhe de nada, mas que pegou um pouco a gente. Implicância é isso aí. Agora uma das músicas do disco é relançada em uma versão com um feat. com o Bleachers, a banda de um homem só de Jack Antonoff. Em tese, seria o exagero do exagero. Mas fomos surpreendidos. A nova versão ficou algo melhor que a original – mais leve e mais com a cara dos melhores momentos da Taylor. Isso bugou nossa mente.  

A gente reparou que a abertura de “Glimpse of Us” lembra a melodia de trecho de “O Caderno”, do Toquinho.Será que estamos viajando? Certos ou errados, é notável o tamanho hit que virou esta faixa desse jovem artista japonês, que parece desenhar uma das tantas novas configurações possíveis de um artista contemporâneo – ele passou de jovem produtor de memes no YouTube a, agora, um renomado músico.   

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* Na vinheta do Top 10, o trio inglês Big Joanie.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

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