Top 10 Gringo – O primeiro lugar é pesado. O segundo é fogo. O terceiro é pura geografia cruzada

Semana com música inédita do Metallica? Sério? Um peso pesado do rock que mais anuncia turnê no Brasil do que música nova está de volta e com estilo. É a primeira vez que eles levam um Top 10 – até porque é a primeira vez que eles lançam algo novo desde que começamos nossa humilde listinha. 

Música veloz, com direito a solos de guitarra e potente. Ainda que alguns fãs possam entender a gente errado, é um tanto do velho Metallica velocista do começo mesclado à produção modernosa dos tempos mais recentes – ainda que o lançamento mais recente da banda já tenha seis anos, deu para entender, não? Com direito a perfil na “New Yorker” e tudo, o extrafamoso grupo californiano anuncia para  abril do ano que vem o álbum “72 Seasons”. O título, que representa 72 estações ou 18 anos, é uma reflexão sobre os nossos primeiros 18 anos. De acordo com Hetfield, vocalista da banda, o resto de nossas vidas dialogam com esse período, seja como libertação ou prisão. Interessante. 

Stormzy queria escrever uma música para cantar como a Whitney Houston ou o Frank Ocean ou Stevie Wonder. “Sei que cantarei como ela, mas posso fazer do meu jeito”. E é com essa explicação que entendemos onde o mega rapper inglês foi buscar tanta paixão para cantar uma música sobre se apaixonar, ainda que a canção traga um gosto agridoce – como se o narrador sutilmente fosse perceber toda a beleza desse momento apenas quando o romance já tinha acabado. 

De acordo com o Spotify, as cinco cidades que mais escutam o trabalho da Fattú Dkaité são brasileiras, mas Fattú é de Guiné-Bissau e cresceu em Cabo Verde, onde começou sua carreira. Talvez as parcerias com artistas brasileiros, talvez por cantar em português. Em seu primeiro álbum, “Praia-Bissau”, Fattú homenageia Praia, capital de Cabo Verde, Bissau, capital de seu país natal, e conversa com a música brasileira – o álbum tem a participação do Emicida em “Refugiado Di Guerra”. 

Mais uma vez um filme coloca o Moldy Peaches como “banda da vez”. O que nos faz ter um bom motivo para colocá-los no nosso top gringo. O duo esquisito formado por Adam Green e Kimya Dawson, que teve seu momento ali no período em que a cena nova-iorquina tomou conta do mundo, durou bem pouco e virou cult quando fez parte da trilha do filme “Juno”, anos depois de seu fim (ou hiato, vá la). Com o lançamento do documentário bombado “Meet Me in the Bathroom”, que remonta os anos que NY salvou o rock ali por 2001, a banda reaparece abrindo com destaque o filme. Nessas, resolveu reaparecer mesmo, real, nos palcos em uma luxuosa turnê pela Europa no começo do ano que vem – Primavera Sound na Espanha, incluso. Você está pronta ou pronto para uma volta do Moldy Peaches?

É muito massa o som da Luna Li, uma jovem canadense com origem coreana, de 26 anos. Durante a pandemia, seus vídeos tocando pequenas criações em diversos instrumentos bombaram nas redes sociais. Resultado: ela assinou com um selo, lançou suas curtas jams e agora solta seu primeiro álbum para valer. Agora em canções, ela sustenta seu talento. Pegada viciante.  

Muito bom ver a nossa querida Beabadoobee arrasando no já tradicional “Tiny Desk”. A bossa nova de “Perfect Pair” ficou mais fofa em modelo acústico com um trio de cordas.”É difícil não chorar escutando essas cordas”, ela confessa entre as músicas apresentadas. A gente concorda.  

E precisamos falar de mais um “Tiny Desk” recente, o da Santigold. Ela abriu sua apresentação com a clássica “L.E.S. Artistes” (listada entre as 1001 músicas que você tem que ouvir antes de morrer) e levou a gente de volta a 2008 na hora. “Santigold” é um disco nota dez na sua abordagem criativa mesclando punk com reggae e dub. Não é todo dia que alguém cuida do grave assim. 

Toni-Ann Singh virou título de uma música do Burna Boy. Talvez seja daí que você conheça a cantora que já venceu o concurso de Miss Universo. A música do Burna é um feat. com Popcaan, que acontece de ser o namorado dela. Desta vez, ela não é o título, mas talvez seja a causa de um homem tão apaixonado. O rolê do vídeo fará te querer pedir férias e ir para Jamaica agorinha.  

Seguimos apaixonados pelo discaço da Weyes Blood, o incrível “And in the Darkness, Hearts Aglow”. É o que a gente disse na semana passada: esse é o tipo de álbum que fica mais do ouvinte a cada chance dada.

Lá no começo do ano a gente cansou de falar da inglesa Nilüfer Yanya com sua vez meio rouca-meio grave e suas belas canções. A gente mal se lembra, mas era apaixonado por “Midnight Sun”. E é um prazer voltar à música em um remix novo caprichado do rapper Sampha, que leva a gente diretamente para a versão original e assim vai.  

* Na vinheta do Top 10, o supergrupo americano Metallica, sob foto de Ross Halfin.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

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