Top 10 Gringo – Por que a Willow em primeiro? Alvvays treme o ranking em segundo. The 1975 fecha o pódio

Tudo bem juntar duas semanas em uma? Saindo do turbilhão da semana agitada de Popload Festival, que obrigou a gente a dar um pause nos textos, voltamos com um certo acúmulo de novidades para dar conta da conversa. E lá fora o negócio está bom, viu? Muitas coisas superaguardadas saindo. Outras chegam até a surpreender. Ficamos assim, na semana, com este baita ranking:

Está bem para trás quem ainda se surpreende com a carreira superconsistente da Willow. Aos 22 anos, ela já está em seu quinto álbum de estúdio. A maioria deles, excelente. Por aqui, ela mantém ativa sua pesquisa muito bem-feita na busca de uma sonoridade pop punk – uma pesquisa que foi o norte do seu disco anterior. Marcante na virada dos anos 1990 para os anos 2000, esse é um gênero que Willow absorveu muito em retrospecto, já que é uma filha dos anos 2000. E, se no disco anterior muito desse estudo resvalava em lugares comuns do gênero, desta vez Willow parece encontrar um lugar na originalidade da colocação dos riffs, das letras, da entoação da voz. Disco maravilhoso. Esta “WHY?” é um bom exemplo disso.

A turma dos canadenses do Alvvays vai no mesmo sentido, mas um pouco mais no passado. Esse riff de “After the Earthquake” é irresistível demais. Lembra um pouco o teclado de “As It Was”, do Harry Styles, que lembra um pouco o riff de guitarra de “Dancing with Myself”, do Billy Idol… Se você for buscando na memória, vai longe. Ah, os anos 80. No tempero dos canadenses do Alvvays, a ideia é preenchida com camadas diferentes de The Cure, R.E.M, Smiths… A bateria dessa música é o puro suco de “Suedehead”, do Morrissey, o vocal vai para a linha que o War on Drugs surrupiou do Bruce Springsteen. Se não te pegar pela memória afetiva, te conquista por soar muito bem.  

Galera anda elogiando o novo álbum da banda de Manchester. Dá para dizer que até aqui estamos gostando também de “Being Funny in a Foreign Language”. É uma coleção de músicas de diversos temperos – umas com pé no pop, outras no rock, coisas para arenas cantarem juntas e canções que funcionam mais na solidão dos fones de ouvido. “Oh Caroline” talvez seja o melhor resumo dessa nova busca de Matty Healy, vocalista da banda, e sua turma por uma universalidade. Matty relata que o refrão guiou a construção da canção, que passou por criar uma história que ele não viveu, o que resulta em uma forte música que pode ganhar amplos sentidos. Ele até já visualizou ela ganhando inúmeros covers. É possível. Por lembrar umas baladinhas do Michael Jackson, não fica difícil imaginar essa música no timbre do Weeknd. Seria um hit global.  

E a demolidora banda irlandesa, a “nada normal” Gilla Band – antiga Girl Band -, continua bizarramente maravilhosa em seu terceiro álbum de estúdio. Disco que ironicamente leva o nome de “Most Normal”. Até parece. A banda leva seu pós-punk a novos extremos aqui. Já no princípio somos recebidos por ruídos, vozes ultradistorcidas e uma batida que mais parece aquela obra do seu vizinho durante um fim de semana ou aquela bateção quando você abre uma live do trabalho. Maravilha mesmo. 

Onde a gente estava com a cabeça semana passada que se esqueceu de colocar na nossa lista a primeira inédita do LCD Soundsystem em cinco anos? Justo de quem… Não é só que “New Body Rhumba” é um bom momento de uma das nossas bandas favoritas da história. A música também é trilha sonora de “Ruído Branco”, novo filme do super Noah Baumbach, um dos nossos diretores favoritos. Juntou tudo de bom aí.

Não seja a pessoa que dá uma ignorada nas atrações eletrônicas do Lollapalooza. Muitos nomes interessantes vão colar nessa ala do festival no ano que vem e um dos mais malucos é o Fred Again.., que vem com dois pontinhos (!) e tudo. O cara está para lançar seu terceiro álbum, da série “Actual Life”, onde ele cria linhas vocais para suas músicas a partir de material coletado nas mais diversas fontes da vida real, como o nome do disco anuncia. Áudio de zap, lives perdidas pelo YouTube, vídeo tosco do Instagram, tudo vale e ele faz soar como se fosse a gravação mais original que você já viu. É bem impressionante. Experimente.  

A guitarrinha inicial do novo single do Dry Cleaning até engana, parece que vamos chegar em algo delicado e até mais lírico, mas logo a banda nos joga direto no sua tradicional barulheira acompanhada da linha vocal mais falante de Florence Shaw – em uma letra, de acordo com a vocalista, sobre luto, solidão e ruminação sobre o passado.

É bem gostoso o frescor desta música nova do quinteto de Leicester, parte do recém-lançado “Maybe in Another Life…”. Lembra muito os bons momentos do Weezer no seu “Red Album”. Muito específico? Em todo caso, é bem boa essa essência do grupo em buscar fundir indie com hip hop, pop e indie de uma maneira que você não note onde estão as marcas da solda. Ou viajamos? 

“Juice of Mandarins” é um single em que as sistas do Ibeyi tinham adiantado para a turma do projeto alemão COLORS, no YouTube. Agora saiu uma versão de estúdio que é quase idêntica, mas com sutis mudanças – como um leve clique que ajudava elas a fazer o vocal ao vivo no tempo certo e que sumiu nesta versão.

Do excelente novo álbum da Sharon Van Etten, “We’ve Been Going about This All Wrong”, vamos ganhar mais duas faixas em sua versão bônus. “Never Gonna Change”, uma delas, é sobre os fantasmas da mente na vida adulta que nunca irão embora – na visão de Sharon, entender isso é a chave para encontrar alguma paz. Negar é o que traz sofrimento.


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* Na vinheta do Top 10, a americana Willow.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

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