Top 10 Gringo – Rapper Noname varre o ranking. A roqueirinha Olivia Rodrigo surge na cola. Courtney Barnett completa o rolê

Um pódio com uma artista anticapitalista e outra que já trampo para a Disney. Será que é assim que se chega em uma democracia possível?

Quando todo mundo achava que nunca mais ia escutar nada da Noname e que a rapper ia só se dedicar a sua biblioteca comunitária, ela aparece com o impressionante “Sundial”, talvez um dos álbuns mais legais do ano. Pela potência da produção impecável, pela lírica e flow imbatíveis da rapper ou por seu posicionamento real por uma política socialista, uma rara artista a tocar no tema sem meias palavras. Sua sinceridade é expressa nesta “Namesake”, em que ela imagina onde estaria se não fosse combativa. E deixa uma interrogação a outros artistas que denunciam o sistema sem conseguir escapar dele, para acabar fazendo sua propaganda. Quente.  

O bamba Pedro Antunes, novo colaborador da Popload, comentou que a nova da Olivia Rodrigo “vibra eletrizante como se o Weezer pudesse voltar no tempo para sentir as angústias de um pé-na-bunda pela primeira vez em plenos anos 80”. Vibra mesmo. A gente achou inclusive a música bem parecida com uma versão desacelerada de “Hash Pipe”, hit da turma do Rivers Cuomo. Repara se não é… Mas falamos sem querer criar muuuita polêmica – a gente gosta de colagens, referências, trans e intertextualidade. E a novinha Olivia Rodriga é mestra nisso – uma base importante do rock para as novinhas como ela. 

Chastity Belt é uma banda de Seattle formada por Julia Shapiro, Lydia Lund, Annie Truscott e Gretchen Grimm, cujo primeiro álbum completa 10 anos em 2023. Courtney Barnett e Kurt Ville, fãs da banda, resolveram cada um por si fazer um cover do grupo. O single sai em outubro, mas a versão de Courtney já apareceu. Com o violão e uma bateria eletrônica tosquinha, a australiana dá sua cara lo-fi ao som das garotas. Um jeito maneio de começar a ouvir Chastity Belt, caso ainda não conheça. 

O refinado e talentoso Sufjan Stevens está sempre por aí. Entre projetos e trilhas de filmes, seu nome nunca desaparece. Mas desde 2015 nada de um álbum que possamos chamar de álbum em modo tradicional, tipo “Carrie & Lowell” . Mas essa história tem data para acabar: “Javelin” chega em outubro. “So You Are Tired” é composta por violãozinho, percussão mínima, harmonias vocais doces. É o Sufjan de sempre. Sempre bom. 

Os grupos de prevenção do suícidio 988 Suicide & Crisis Lifeline e Sounds of Saving têm uma série chamada “Song That Found Me at the Right Time” (em tradução livre, “Canções que me encontraram na hora certa”), onde diversos artistas apresentam covers de músicas que dão acolhimento às dores da alma e salvam vidas. A interessante e poderosa Soul Glo revisitou “Soil”, som que o System of Down lançou em 1998. Pierce Jordan, vocalista da banda, no vídeo que acompanha a faixa, compartilhou seus sentimentos sobre saúde mental. “Todos temos razões para seguir, a arte é a minha”, contou. No Brasil, é importante lembrar, se você está passando por situação semelhante, sempre pode contar com o telefone 188 para buscar ajuda para si ou para alguém que você conheça que está com alguma questão difícil.  Por enquanto, a música só está no Youtube, aqui.

Laura Groves!!! Conseguiu ouvir nossa imitação de Glória Groove aqui? Pois é. Essa tentativa maluca é para demonstrar nossa empolgação com a artista inglesa que lançou no distante 2009 um interessante álbum sob o nome de “Blue Roses” e anos depois reaparece com seu nome verdadeiro no poderoso “Radio Red” – quase dá para ler Radiohead aí, né? Mas sua pegada lembra mais o som imagético da Lana Del Rey. Pode investir nela. Retorno garantido. 

Não, o “canta e convida” não foi longe demais. A parceria improvável entre uma banda de hardcore e uma banda de jazz instrumental é mais na linha da turma do jazz remixar o material dos garotos do hardcore. Eles dão aquela “suavizada”, embora talvez alguns achem até o material remixado mais “difícil” dados os ritmos complexos incorporados aqui. Doidinho. Mas bem bom.

E por falar em voz e violão, esse é o arranjo que o Metric, da talentosa e cool Emily Haines, apresenta na baladinha “Nothing Is Perfect. A faixa fará parte de “Formentera II”, a parte dois do álbum de mesmo nome lançado ano passado, e com certeza constará no setlist da apresentação da banda no Primavera. Vamos apostar? 

A gente já ia deixando passar esse bom registro de outro quarteto, Charly Bliss. O grupo liderado por Eva Hendrick, que trocou os Estados Unidos pela Austrália, chega mais solar e pop do que nunca, ainda que o recado da música seja de desabafo. Quem curtiu o álbum “Young Enough” de 2019 talvez estranhe o novo som da banda. Vai com calma que cola. 

Uma música que chama “Sua Cuspe” e fala de beijo, é por aí mesmo. Uma música sobre dar uns amassos, segundo Jilian Medford, dona do nome artístico Ian Sweet. “Sucker”, que saí ali por novembro, será seu terceiro álbum e pela cara do primeiro single vai se aventurar em território menos indie básico que os registros anteriores. O vídeo de “Your Spit” tem participação de atores do Saturday Night Live e tudo. Se pá, vai bombar.  

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* Na vinheta do Top 50, a rapper americana Noname.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

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