No novo disco, a artista aborda temas como saúde mental, questões de gênero, a indústria musical e… o espaço sideral. A história é a seguinte:
Após cinco anos do último disco, “The Archer” (2020), Alexandra Savior retorna com o inédito “Beneath the Lilypad”, lançado agora no dia 16 de maio. O álbum foi produzido pela artista, juntamente com seu companheiro, o músico Drew Erickson, conhecido por co-escrever e produzir artistas como Lana Del Rey, Mitski e Weyes Blood.
Dona de um timbre de voz intenso, suave e esquisito ao mesmo tempo, a americana ganhou notoriedade pública aos 17 anos, em 2012, após ser elogiada publicamente por Courtney Love, em razão de um vídeo cantando, publicado no YouTube. Um pouco mais tarde, começou a gravar suas composições, tendo seu primeiro álbum, “Belladonna of Sadness” (2017), produzido por ninguém menos do que o nosso velho conhecido Alex Turner, do Arctic Monkeys.
De volta e um (um pouco) menos melancólica
Em “Beneath the Lilypad”, com os cabelos mais escuros, Alexandra Savior apresenta ao público uma versão mais madura de sua obra, que parece corresponder ao atual momento de sua vida, agora aos 30 anos. Neste disco, a artista divide a produção com o noivo, sem se prender a gravadoras. E, ainda que os arranjos de suas canções continuem oníricos, agora eles se parecem bem mais com sonhos do que com pesadelos.
Alexandra segue na atmosfera retrô, mas desta vez as músicas são preenchidas mais por camadas de violinos, pianos e violões, enquanto as letras falam sobre combater um passado ruim, que agora está distante. Na primeira faixa do disco, “Unforgivable”, inclusive, a artista canta sobre o desejo de ter sua própria autonomia, como artista e como mulher, usando lembranças ruins como forma de aprendizado na vida.
A “Nave-Mãe”
Em “Beneath the Lilypad”, Alexandra Savior explora o espaço, fazendo uso de metáforas que envolvem esse campo semântico: o Sol, a Lua, a “Nave-Mãe”, o planeta Vênus… Mas, ao mesmo tempo, ela também vocaliza sua saudade de casa. O contraste entre os títulos das faixas “Venus” e “Old Oregon”, respectivamente a sexta e a oitava canções do álbum, exploram uma certa dicotomia entre o mundo lá fora e o conforto da terra natal. E no caso os dois lugares parecem confortáveis.
A impressão que fica é que, como ouvinte, é possível, de alguma forma, acompanhar a trajetória pessoal da artista, que parecia muito mais confusa e, propriamente, triste em seus dois primeiros álbuns. Não é à toa que os nomes dos discos melhoram, de “Belladonna of Sadness” para “The Archer” e, finalmente, mais tranquila, para este novo, embaixo de uma vitória régia…