Popnotas Shows – Roger Waters em Curitiba. Kendrick Lamar em São Paulo. Chili Peppers no Rio

Finalzinho de semana movimentado deste lado de cá do Brasil, tanto em eventos esportivos quanto, dentro da nossa alçada, em cima dos palcos. De onde a gente olhou, a gente viu o seguinte:

Foto: Adriano Vizoni – Folhapress

Roger Waters (Curitiba) – No último sábado, Roger Waters, um dos fundadores e principais integrantes do Pink Floyd, se apresentou em Curitiba com sua turnê “This Is Not a Drill”, anunciada como uma série de shows de despedida do cantor/compositor /baixista/etc. Estávamos lá para ver que tipo de show Waters criou desta vez. Nas duas últimas décadas, Waters conseguiu levar ao palco espetáculos que capturam a essência dessas obras do Pink Floyd, sendo o mais próximo que alguém chegaria de um show da banda em tempos atuais. E a maioria dos espectadores vai lá para ouvir Pink Floyd, é claro. Primeiro, o repertório. É o que o público quer ouvir na maioria das músicas, trazendo os clássicos do Floyd e uma dose saudável de faixas menos óbvias (como “Have a Cigar” e a segunda metade de “Shine on You Crazy Diamond”, geralmente esquecida em shows dos ex-Floyd). Desta vez o show tinha mais cara de apresentação solo de Waters, pois focou um pouco mais nos materiais que lançou por conta própria, com seis músicas de seus discos pós-Pink Floyd. A seleção foi boa, e “The Powers That Be” chocou com seu vídeo de violência policial nos telões. 

Aliás, precisamos falar sobre esses telões. Como de costume, Waters tinha um palco muito complexo para shows na Europa e nos EUA (em arenas menores), mas fez um trabalho fantástico ao adaptar os visuais de cada turnê para os estádios enormes da América do Sul.  Pela complexidade, o palco da turnê atual, “This Is Not a Drill”, teria que passar por uma adaptação para shows fora da Europa e dos EUA, pois sua versão “mais cara” contava com um telão em formato de cruz, suspenso no meio da arena, sobre a banda – inviável para estádios brasileiros. A solução foi fazer um palco tradicional, no fundo do estádio, com quatro telões gigantes, erguidos sobre o palco, porém separados uns dos outros. Apesar da alta resolução, havia espaços incômodos entre eles. Algumas músicas traziam vídeos que se encaixavam bem no formato (como a clássica “Us and Them”, discutivelmente o ápice do show), outras nem tanto (“Two Suns in the Sunset”, cujo vídeo bem-feito merece ser visto sem três faixas pretas o interrompendo). 

Entre os artistas que realmente não têm mais nada a provar, Roger Waters é um dos mais notáveis. Teve papel indispensável na sequência de quatro discos praticamente perfeita que o Pink Floyd lançou entre 1973 e 1979 (começando com “The Dark Side of the Moon” e concluindo com “The Wall”). Suas turnês nas duas últimas décadas têm trazido alguns dos espetáculos mais incríveis para quem gosta de rock. Se você ainda não viu, essa talvez seja a última chance, e dizemos que vale a pena. Este mês, Roger Waters ainda se apresenta em Belo Horizonte, na quarta-feira, e em São Paulo, nos dias 11 (com ingressos já esgotados) e 12. (por Fernando Scoczynski Filho)

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– Kendrick Lamar (São Paulo) – Neste domingo, no festival GP Week (Allianz Parque), o rapper americano Kendrick Lamar fez novo show no Brasil, quatro anos depois de se apresentar em Interlagos, no Lollapalooza. Agora Kendrick veio com a turnê de seu disco mais recente, o bastante elogiado “Mr. Morale & The Big Steppers” (2022). O artista fez um setlist dinâmico, passando por hits e lados B de toda sua discografia. Abriu o show com “N95”, do “Mr. Morale”, teve “King Kunta”, do “To Pimp a Butterfly”, e músicas como “m.A.A.d city” e “A.D.H.D” ganharam versões encurtadas. Num dado momento, Kendrick pegou para assinar, com um fã da plateia, um vinil do disco “To Pimp a Butterfly” e na sequência convidou o colega Thundercat para se juntar a ele no palco, agradecendo o amigo ao dizer que sem ele o disco novo não teria sido possível. Thundercat foi uma peça essencial na construção do álbum. Ambos artistas nunca tinham dividido um palco antes, mas apesar do encontro não chegaram a tocar nada juntos. Diferentemente da turnê de 2019, que contava com uma banda presente no palco, desta vez os músicos ficaram escondidos atrás do telão. Ao longo de todo o show imagens do artista americano Henry Taylor apareciam ao fundo com retratos de pessoas negras em diversas situações cotidianas. O rapper encerrou o GP Week com um showzaço. (por Daniela Swidrak)

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– Red Hot Chili Peppers (Rio) – Alguns dias atrás, comentamos sobre o retorno da banda californiana ao Brasil, agora com John Frusciante (de volta) na guitarra. Comentamos também sobre o possível repertório, com base no que rolou na Costa Rica. No entanto, a banda se apresentou no Rio no sábado, e vimos que os setlists estão variando (ainda bem). Sai “Scar Tissue”, entra “Otherside”; sai “Hard to Concentrate”, entra “The Zephyr Song”; no lugar de “Tell Me Baby”, eles tocaram o hit “Suck My Kiss”. Ou seja, espere mudanças para o restante da tour brasileira, que continua em Brasília na sexta, no Mané Garrincha. Depois tem São Paulo no Morumbi, dia 10, Curitiba dia 13, no Couto Pereira, e fechando em Porto Alegre, no dia dia 16, na Arena do Grêmio. 

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