Top 10 Gringo – MJ Lenderman no topo, como não? A volta do TV on the Radio em segundo, como não? The Dare em terceiro, como não?

Parece clickbait, mas é honestidade. Sério. O oitavo lugar desta lista poderia ser facilmente o primeiro. Mas não tivemos ainda coragem: será mesmo? Não entendemos ainda se o nosso nono lugar é para valer, apenas dançamos loucamente. Não entendeu nada? Calma. Leia toda nossa listinha semanal, que apresenta, um por vez, o que teve de melhor na música gringa esta semana. Ou vá direto entender que doideira está no oitavo lugar!  

O mais badalado disco indie dos últimos meses é do rapaz que toca guitarra em uma banda, bateria em outra e firma sua faceta solo com o elogiadíssimo “Manning Fireworks”, seu quarto álbum solo, que talvez definia algumas prioridades para sua carreira. Nota 4,5 de 5 para o jornal inglês “The Guardian”, vigorosos 8.7 da “Pitchfork” e 8.6 do Mitkus. Realmente… Em seu melhor e mais sincero álbum, Lenderman soa ao mesmo tempo triste e divertido, entre sonoridades que vão do indie rock típico à música tradicional americana. Do disco, pegamos esta belíssima “She’s Leaving You”. Está procurando o novo Wilco? Ou o Wilco traduzido para as novas gerações? Achou…

Vamos falar do retorno mais badalado de 2024? Sim, os nova-iorquinos do TV On The Radio farão uma série de shows dez anos após o lançamento de seu último álbum, “Seeds”, de 2014. A volta marca também a celebração e o relançamento luxuoso de outro aniversariante, o disco de estreia deles, “Desperate Youths, Blood Thirsty Babes”, de 2004. Entre os presentes da nova edição, está “Final Fantasy”, uma versão lenta e inicial do som “Bomb Your Country” – que em sua letra fala da apatia dos Estados Unidos diante da guerra contra o Iraque. 2004 e um dos inimigos era a TV “que alimenta os medos”. Mudamos? Só se for da telinha para telinhas menores ainda. O medo é o mesmo.

The Dare, mais conhecido como queridinho da Charli XCX, agora tem um disco para chamar de seu. “What’s Wrong With New York?” é um senhor revival da cena de dance-disco-punk nova-iorquino que tomou conta do mundo em 2005 – aquele auê que tinha Rapture, Yeah Yeah Yeahs, LCD Soundsystem, entre outros. Revival para nós que estivemos lá, novidade para os novinhos, lógico. Mas não dá para negar que o produtor Harrison Patrick Smith acrescenta seu próprio charme e visão a coisa toda – ele é bem mais frenético e mixa seus álbuns bem mais ALTO, por exemplo. E vale contextualizar: em 2005, ele tinha 9 anos, natural reconstruir um fenômeno que ele simplesmente não viveu porque estava, sei lá, na escolinha. Parte da crítica não curtiu, justamente por isso. Vamos ser a turma topa entrar na festa que ele propõe. Achamos divertida.

“Evergreen”, próximo álbum da Soccer Mommy que chega para nós em outubro, é muito sobre o luto que ela passa com a morte da mãe. Ouvimos sobre o assunto nos primeiros singles até aqui (“M” e “Lost”). Mas “Driver” entra como uma faixa mais leve, ainda que talvez também seja sobre sua mãe, ao relatar um amor firme. “Sou um teste para sua paciência com tudo que faço”, é um verso e tanto para filhos/filhas, não? Atenção para o arranjo: a música fica mais calma no refrão, invertendo um padrão clássico, e o míni-solo arrastado de guitarra é delicioso. Vem discão aí! 

A banda espanhola Hinds chamou atenção com sua estreia em 2016. “Leave Me Alone” era um disco de indie de rock divertido, solar e desleixado na medida certa. O quarteto veio ao Brasil e tudo, mas dois discos depois a coisa desandou: metade da banda foi embora e a metade restante ficou sem gravadora, sem agente e com pouquissíma grana no meio da pandemia. Diante de um possível fim, Ana Perrote e Carlotta Cosials, a dupla que ficou, deu as mãos e sentou para escrever sem grandes pretensões. “Viva Hinds” é o resultado de um processo de sobrevivência delas. “Hi, How Are You”, uma sutil homenagem a Daniel Johnston, abre o álbum com uma conversa honesta: “Ei, como vai você?/ Já estive melhor”, um joguinho entre elas que lembra a conversa de Lennon e McCartney em “Getting Better”. Nas piores, nada melhor que contar com as amigas.  

Nilüfer Yanya, uma das artistas mais interessantes da Inglaterra hoje, dá outra pista de seu “My Method Actor”, álbum que sai ainda nesta semana, sexta agora. Esta “Made out of Memory” é todinha construída dentro de uma bateria eletrônica repetitiva e envolvente acompanhada de sintetizadores, até que a guitarra emblemática de Yanya se apresenta para dar um abafado acompanhamento. É como se o instrumental mínimo conversasse com os versos: “Menos é mais, acho que foi isso que ela quis dizer”, canta Yanya. 

Quer ter um momento a sós com uma música? Escolha “Mood Swings”, abertura do primeiro álbum do grande grupo americano Mercury Rev em nove anos. Temos aqui o vocalista Jonathan Donahue em grave spoken-word acompanhado por um viajante trompete, que vai do acompanhamento mais básico até pequenos solos quentíssimos – humores que mudam, afinal. Sete minutos bem usados. 

Depois da “infantil” “Sad Kids”, o Fidlar volta a pesar a mão no single “Dog House”, que com seu riff de acordes rápidos e paradinhas é a maior homenagem a obra dos Ramones em 2024. Peca só por ter quase 3 minutos. Em 1,30 min estava resolvida a parada, pô. “Surviving the Dream” sai no dia 20 de setembro e tem produção da própria banda, marcando um resgate da tosquice inicial. Muito bom! 

Ainda estamos tentando entender qual é a do Fat Dog, a banda inglesa mais elogiada e esquisita da semana – o batera se apresenta fantasiado de cachorro, para você ter uma ideia. Seu álbum de estreia, “WOOF.” é bem maluco. Em poucas palavras, o que o The Dare tem de manutenção, o Fat Dog tem de DESTRUIÇÃO em termos de electro-punk. Talvez eles devessem estar no topo desta lista, mas vamos com calma. Até o caótico merece paciência. 

Após a dolorosa perda do vocalista Chester Bennington, ninguém imagina que o Linkin Park voltaria a ativa. Mas Mike Shinoda, Brad Delson, Phoenix, Joe Hahn permaneceram juntos neste período de luto e silêncio. Do processo de reconexão tocado lentamente surgiu uma nova parceira, a vocalista Emily Armstrong, que agora assume o posto de co-vocalista do grupo. Ame ou odeie o Linkin Park, é emocionante ver Emily se encaixando no primeiro single da nova fase, que estará em “From Zero”, álbum novo previsto para o dia 15 de novembro. “From Zero” tem um duplo sentido: remete ao nome original do grupo, Xero, e dá o indicativo de que é um começo do zero, criar um novo repertório, uma nova história. O que não significa abandonar o passado: ele já fizeram um show ao vivo e Emily se destaca ao reconstruir ao seu modo os trechos originalmente de Chester em músicas antigas. Acompanhemos.

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Na vinheta do Top 10, o elogiado músico alt-country MJ Lenderman, em foto de Brennan Bucannan.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

Editora Terreno Estranho Mark Lanegan “Devil in a Coma” – horizontal fixo interna
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